Entrevista com o professor universitário, economista, especialista em Sociologia, mestre em Politicas de Educação, pesquisador e escritor José de Almeida Amaral Junior, autor do livro “CHORANDO NA GAROA”, para o blog do Clube do Choro de Santos.
Entrevistadores: Luiz Pires e Marcello Laranja.
MARCELLO: Mestre Zé Amaral, antes de mais nada, muito obrigado por nos conceder essa entrevista, prazer muito grande trocarmos essas informações com você.
ZÉ AMARAL: Imaginem, a alegria é minha!
LUIZ PIRES: Como surgiu sua relação com o Choro.
ZÉ AMARAL: Bem, eu venho de uma família que adora música, embora tivéssemos apenas apreciadores, até eu chegar. Nossa grande fonte era o rádio. Ele sempre foi um companheiro em casa. Sou de um tempo onde não havia FM e as emissoras em AM davam muito destaque para programação musical. Com bom e variado repertório.
Lembro que meu irmão era pequenino quando meus pais compraram um toca-discos portátil. Uma festa para mim, com cerca de 10 anos. Então, ouvi muito uma coleção do papai de músicas orquestrais do Readers Digest, com a Sinfônica de Londres e grupos populares. Daí, meu velho foi atrás de um LP magnífico, do Museu da Imagem e do Som, ao vivo com Elizeth Cardoso, Zimbo Trio, Jacob e o Época de Ouro, de 1968. Um álbum duplo. Unia o choro e a bossa nova. Tinha “Murmurando”, “Noites Cariocas”, aquele “-Vai, Jacob!”, da Divina passando a bola em “Barracão” para o solo de bandolim que me emociona só de lembrar… Enfim… Bem, para encurtar, lembro também de assistir ao Julio Lerner na TV Cultura, em meados dos anos 70, com os encontros que ele fazia a noite, com o Conjunto Atlântico e convidados. E um disco para mim fundamental, que sei cada faixa, é o “Memórias – Chorando”, do Paulinho da Viola, de 1976. Aliás, um lançamento duplo, porque tem também o “Memórias – Cantando”, portanto, dois volumes num mesmo ano. Um trabalho primoroso… Os discos da Gravadora Marcus Pereira… Aquele do Pixinguinha da “História da MPB”, da Abril… Nossa, que beleza! E por aí adiante…
MARCELLO: Como você concilia sua atividade na Universidade com o gosto pela música popular? Você mantém uma relação muito estreita com o Choro, certo?
ZÉ AMARAL: Bem, eu desde meados dos anos 70, quanto ganhei um violão dos meus pais, jamais deixei de praticar música. Assim, quando veio a faculdade e, depois, a carreira acadêmica, eu já era um praticante, diletante, é verdade, mas apaixonado praticante de música. Imaginem, eu tive aulas de música no ginásio, o que seria entre a 5ª e 8ª série do primeiro grau, hoje ensino fundamental. E escola pública! Aprendi rudimentos de leitura, tocava um pouco de flauta doce etc. Fantástico. Só que choro eu não me metia a tocar porque era o ‘Olimpo’… Choro era para ver e ouvir… Eu me segurava nos sambas, fazia meu violãozinho básico tentando tirar um Adoniran, coisas do Chico, Vinícius, Toquinho e por aí fui. Choro, propriamente dito, era muito difícil… Eu fui me meter a tocar choro bem depois, quando resolvi aprender um instrumento melódico. Adoro o Paulo Moura, aquela espontaneidade, aquela técnica que equilibrava o clássico com o popular… O LP “Mistura e Manda” foi desses marcantes para mim… Um dia, criei coragem e, com 29 para 30 anos resolvi aprender clarineta. Fui atrás de uma para comprar e de um professor para aprender. Cerca de 8 meses a um ano, depois, entrei por concurso na Universidade Livre de Música do Estado de São Paulo – ULM Tom Jobim. Estudei, então, com o querido gaúcho Maestro Portinho. Que saudades dele! Fui aluno dele quase 3 anos… E ele me perguntava: “- Zé Amaral, cê veio aqui para estudar ou para a gente bater papo?!” Mas, imaginem só, ter o privilégio de tocar e ouvir as histórias dele, com tantas coisas pelos rádios e gravadoras… Uma grande figura. Era muito legal aquilo tudo…
LUIZ PIRES: Nunca houve preconceito no meio acadêmico por sua ligação com a música?
ZÉ AMARAL: Eu tento fazer o meu melhor o possível dentro do ambiente escolar. Estou na mesma universidade há 14 anos e sou respeitado porque procuro ser ético com alunos e colegas de trabalho.
MARCELLO: Conte para nós como é o seu dia-a-dia, como é ser professor universitário, e, de vez em quando, exercitar sua sensibilidade como músico e estudioso de Música Popular.
ZÉ AMARAL: Pois é, o trabalho acadêmico, de fato, toma tempo porque é fundamental permanecer atualizado, fazendo leituras, pesquisas, escrevendo. Isto sem contar a produção de provas e correções de trabalho. Há momentos sim que bate estresse. Não é simples. Já tive alguns problemas do gênero, onde os médicos pediram para ‘reduzir a velocidade’. Ultimamente, além da escola, o que me atinge com violência é a saúde dos meus queridos pais, que são ambos portadores de doenças degenerativas. Se eu não tivesse o apoio do Mauro, meu irmão, especialmente, e de outros queridos ao redor, estava num mato sem cachorro… Vamos adiante…
LUIZ PIRES: O sr. entrevistou 42 músicos, cantores e personagens das rodas de choro de São Paulo. Colheu depoimentos pessoais sobre a vida, carreira e aspectos diferenciais do choro paulista em relação a outras localidades onde esse estilo se manifesta. Como foi a experiência de traduzir esse universo da cultura do choro paulista para o livro.
ZÉ AMARAL: É uma grande responsabilidade, penso eu. E uma excelente experiência. Estou documentando histórias de vida, de gente famosa e de outros nem tanto, porém, que compõem o cenário do choro. Isso está muito bem caracterizado: o choro não é propriedade de famosos, ele é uma expressão cultural brasileira, que pertence a todo mundo. Parece bobagem, não é? Mas, é que olhando de fora, pode se ter a impressão de que o choro é um feudo, com o senhor e a vassalagem ao redor… Nada mais equivocado. Aliás, para sua expansão, ele precisa exatamente é ser cultivado, ou seja, atrair praticantes e ouvintes… O trabalho, assim, foi muito prazeroso. Passar algumas horas com essas pessoas falando sobre música, sobre suas famílias, suas vidas… Todos que toparam dar seus depoimentos, quando convidados, trataram a mim e às meninas que me ajudaram nas entrevistas de forma atenciosa. Algumas ocasiões com cafezinho, bolo, pão de queijo, suco etc. Trabalhão foi transcrever as falas gravadas de forma correta, digitando direitinho… Mas, sinto que com vários deles nasceu uma amizade bacana!
MARCELLO: Como surgiu a ideia de escrever “CHORANDO NA GAROA”, você já tinha pensado em fazer ou foi algo que surgiu de momento?
ZÉ AMARAL: Eu decidi fazê-lo porque, como era frequentador da roda da Del Vecchio e da Contemporânea, mantinha contato com o sr. Miguel, dono da loja, que veio a falecer. Ele, Carlos Pinho, cantor, algumas pessoas que frequentavam o espaço, ali e o da Del Vecchio andaram partindo para o ‘andar de cima’… Me bateu essa necessidade de registrar a memória de alguns desses músicos, desses personagens do choro, da seresta, do samba canção e afins, para se documentar o ambiente paulistano. E, fora isso, eu também adoro livros. Vou muito a livrarias e sebos. E não havia até então nenhum livro disponível sobre o choro em São Paulo. Sim, claro, há um sobre o Garoto, outro sobre o Nabor e sobre o Armandinho Neves. Deve existir coisas nos ambientes universitários, trabalhos de TCC ou pós graduação. Porém, não estão na mão do público, nas bibliotecas etc. E não são sobre um quadro geral do choro, seja na cidade ou no Estado. Então, estes dois pontos me deixaram motivados: o passamento de vários integrantes e a vontade de colaborar com a bibliografia musical. Além disso, quando mamãe iniciou o processo de doença, ela tem mal de alzheimer, creio que o livro me ajudou muito a me manter moralmente equilibrado. Eu concentrava minha atenção nele de madrugada, nos finais de semana, ou seja, quando sobrava tempo. E assim ele foi caminhando…
LUIZ PIRES: O sr. se considera um pesquisador? Tem um método? Como armazena materialmente essas informações.
ZÉ AMARAL: O livro não é uma obra acadêmica. É, no entanto, um trabalho honesto, serio, com critérios muito claros. O livro é uma construção. E por isso é importante citar as fontes. Tudo que está ali, em termos de imagens e contribuições, tem crédito. Ele inicia com uma abordagem bibliográfica, explicando as origens, digamos, referenciais do choro, no Rio de Janeiro, com cenário de época e personagens, e vem caminhando até o período atual. Tudo com base em documentação bibliográfica. Depois, faço o mesmo com São Paulo. Então, de forma didática, após o leitor compreender o panorama, quem são os nomes mais populares, etc. entro com as entrevistas. Entre os depoentes temos músicos, cantores, como disse, famosos e não famosos, e jornalistas. O prefácio foi feito pelo Fernando Faro, que me fez uma ‘sabatina’ prévia quando o conheci… Me senti novamente em uma banca acadêmica. Foi bem bacana a experiência. Ele é uma figura muito especial. E foi uma grande emoção para mim, que o acompanho há tanto tempo em televisão e discos. Eu tenho uma biblioteca considerável de livros sobre música. Vários de Tinhorão, Ari Vasconcelos, Sérgio Cabral, Vince de Moraes etc. Gosto de guardar artigos de jornais e revistas quando são textos que julgo especiais. Discos, também tenho uma boa porção de discos… E, com isso é que a gente percebe que há disparado um maior número de livros sobre jazz, sem falar em rock ou música erudita, digo livros gerais, não biografias, do que livros de choro… Estou tentando colaborar para reduzir esta lacuna e ajudando a promover os artistas que concederam seus depoimentos.
MARCELLO: Cite, por absoluta justiça, os nomes de todos os seus parceiros, parceiras, enfim, todos que, de alguma forma, colaboraram contigo para o sucesso da empreitada. Tenho a impressão de que o lançamento do livro foi coberto de pleno êxito, certo?
ZÉ AMARAL: Bem, como escrevi nos agradecimentos do livro, nada seria possível sem o apoio das 3 moças que acreditaram no Projeto desde o início, isto é, a profª Tânia Maria, a Karen e a Maria Angélica. Elas foram a base de tudo isto. Voluntariamente fizeram entrevistas, pesquisaram, correram atrás de contatos, trouxeram entusiasmo nos momentos em que vinham nos dizer que ‘isto não vai sair porque já tentaram’, ‘isto não vão querer ler, choro não vende’ ou ‘choro é coisa de museu’ e afins. Karen, inclusive, fez até um ensaio fotográfico de cada um dos entrevistados. Belissimo. Mas, não entrou nesta edição do livro porque meus recursos não permitiram… Salário de professor, já viu, não é? E, claro, depois deste grupo inicial que ficou junto desde o início para a produção, temos aqueles que nos apoiaram de perto. Caso do sr. Izaías, cujo nome abriu as portas para a gente entrar. Caso de vocês dois, Marcello e dr. Luiz, que estiveram desde o início disponíveis para orientações e apoios. A Thais Matarazzo, ex-aluna, jornalista e grande pesquisadora, que colaborou muito no processo. Ao sr. Albanese, que nos orientou com relação a história do genial Garoto. Ao Miltinho Mori, o Tachinha, que é um sujeito muito boa praça, que conheci anos atrás, quando era aluno da ULM e ele, junto com o Zé Barbeiro e o Marcelo foram tocar por lá e num baita solo a corda dele arrebentou e, não teve problemas, ele saltou para outra oitava no bandolim, continuando a performance… Inesquecível! Ele me passou material do Jacob do Bandolim de seu acervo, coisas do MIS, que pudemos usar para construir o texto… O Guta, pandeirista, radialista, sempre incentivando e motivo de ter conhecido o Alex Mendes, do Conjunto Retratos, que são excepcionais! Tem um papel fundamental no choro paulista hoje porque são dedicados e fazem as coisas de forma cordial… Espírito de chorão mesmo! E tem uma vertente que eu penso ser fundamental: apostam na educação! E, claro, tem a família, os amigos mais chegados, alunos, colegas de docência …
MARCELLO: E aí, muitas noites em dormir só pensando no livro?
ZÉ AMARAL: Olhe, rapaz, durante a pesquisa bibliográfica e entrevistas, foi mais tranquilo. O negócio complicou quando vieram as várias tentativas de fecharmos negócio com alguém que bancasse o Projeto. O Projeto não era apenas o livro. Consistia em palestras com músicos, exposição de fotografias da Karen e um sitio na internet para divulgação dos chorões… Muita gente deu tapinhas nas costas. Tivemos algumas propostas sérias e quase fechamos. Isso foi que me perturbou demais. Até que entrou 2013 e eu resolvi bancar do meu próprio bolso ao menos o livro. Eu pensei que seria uma injustiça, depois de tanto esforço, tanta expectativa, eu guardar essas histórias bonitas numa gaveta. O custo seria maior do que lançá-lo de forma humilde… O livro deveria ter um CD com choros de São Paulo e também o ensaio fotográfico… Mas, tá na rua e fazendo sucesso!
LUIZ PIRES: O que o sr. tem a dizer desse pessoal novo tocando Choro em SP. Por que a imprensa folcloriza o Choro como antigo, considerando-o estático e veste novos artistas como nostalgia.
ZÉ AMARAL: Há uma moçada jovem que toca o ‘choro’ com cara tradicional. Há, no entanto, gente que está criando material novo, com vigor diferente. Este pessoal é muito interessante. Não que os demais não sejam, porém, quem faz o novo ajuda a manter viva essa expressão. Cultura precisa ter movimento, senão morre. E o choro, quando reaparece na mídia, acaba não se sustentando. Ele vive numa penumbra, na sombra. Não está no centro das atenções. Falei há pouco do Zé Barbeiro. Ele é um batalhador, tem produzido uma obra pessoal e avançado na carreira. O Aleh Ferreira, o Alessandro Penezzi, o Danilo Brito, que eu vi tocando de calças curtas na Del Vecchio várias vezes, o Movimento Sincopado, já ouviu? E o Quatro a Zero, de Campinas? O Proveta… Foi numa conversa com ele que a gente decidiu, inclusive, fechar o nome do livro: “Chorando na Garoa”. Com esse povo não tem tempo ruim… E não admitem com sua energia o choro ser coisa de museu: está vivíssimo no talento dessa gente e muitos mais… E, quanto a imprensa, eu que dou aulas no jornalismo, costumo dizer que existem jornalistas com ‘g’ e com ‘j’. Tem gente que não sabe nada e não se preocupa. Lê, com muito esforço, algum release e tá muito bom… Se a imprensa tivesse mais vontade ela iria atrás, cobriria e não falaria tanta bobagem. Veja que ano passado não teve choro na “Virada Cultural’ em São Paulo. Escrevi, inclusive, uma carta à Comissão de Educação e Cultura da Câmara fazendo uma reflexão… Este ano já foi diferente. Teve um palco no Mercadão. Foi bem legal. Quantos jornalistas estiveram lá? Que eu saiba um, do Estadão. Os demais, só se apareceram para comer sanduíche de mortadela e tomar chopp… A imprensa hoje parece muito um balcão de anúncios… Tem que ter QI ou a velha história do jabá para aparecer… É uma discussão importante para outra hora: a democratização dos meios de comunicação.
LUIZ PIRES: Na sua visão de educador, o ensino obrigatório da música nas instituições tem acontecido de forma satisfatória?
ZÉ AMARAL: Música nas escolas não existe. Cheguei a escrever um artigo quando a lei durante o governo Lula foi promulgada, mas, as escolas, inclusive as particulares, se fazem de desentendidas e esquecem isso… Aula de música, só se for paga, coisa à parte do curriculum… Lamentável… Já ouvi gente falando que não temos bons professores para matemática e português, para quê se importar com algo banal como música? Reflexão maravilhosa… Sejamos o máximo utilitários, nada de humanismo, nada de arte… Essa é a educação que se compreende como adequada. Educação é preparação para o mercado de trabalho, não mais para a cidadania, para a construção do sujeito… Eu estudei em escola pública na zona norte de São Paulo e, como disse lá atrás, tive música, educação física, laboratório etc na escola… Anos 70. Meu colégio, o Casimiro de Abreu, disputava concurso de fanfarras e bandas promovidas pela Record, com Durval de Souza! Nossa… Porém, ainda naquela década, a coisa foi empobrecendo demais… Mas, vejam os chineses, os japoneses, os norte-americanos, vejam como valorizam a música e seu estudo escolar… Valorizar sua cultura para poder participar da globalização; caso contrário você será engolido pelo processo…
MARCELLO: Como foi a expectativa, você não via a hora de terminar o trabalho? Sentiu tipo de ansiedade?
ZÉ AMARAL: Certa ocasião, em uma tarde do início de 2011, conversando com você, Marcello, lembro que me falou: “- é preciso encontrar uma conclusão, porque o assunto não acabará nunca se não criar esse fim.” Daí eu fixei o ano de 2010, ano ‘redondo’, para concluir o discurso. Mas, o livro só foi para a rua agora… Também, com 530 páginas, já tinha com o que me divertir para acertar, não é? TCCs tem 30 e já dura um ano para a rapaziada apresentar e os alunos quase tem uma síncope…
LUIZ PIRES: Qual a importância de Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, para a música brasileira.
ZÉ AMARAL: O Garoto é uma dessas injustiças que precisam ser corrigidas. Sua genialidade, por conta dos estudos apurados, da criatividade, do desenvolvimento da técnica, da invenção de instrumentos, tem que ser melhor difundido. A Bossa Nova é um produto dos mais valorizados pelo estrangeiro, uma referência nacional e Garoto já havia anos antes de João Gilberto, que lhe presta tributo, diga-se, dado a senha para a coisa. Uma pena, também, ele ter morrido tão jovem. Mário Albanese, Raphael Piragine, Francisco Araujo, esses mestres, estão firmes pela cidade e podem falar muito de Garoto para os interessados, com muita propriedade. É preciso anunciar, se fazer conhecer para se admirar. Aliás, tem publicações no Brasil que dão destaque para os irmãos Wright ao invés do talentoso Santos Dumont, o ‘pai da aviação’ ou para o Marconi e não falam do pe. Landell de Moura… Complexo de vira-lata que deve ser eliminado!
MARCELLO: Como conversamos, você também pretende fazer o lançamento do livro em Santos e no Rio de Janeiro?
ZÉ AMARAL: Será um imenso prazer voltar a ambas cidades tão agradáveis. Em breve, se Deus quiser!
MARCELLO: E como foi a aceitação pelos meios de comunicação, você acha que a mídia aceitou bem o livro, deu o devido e o merecido destaque?
ZÉ AMARAL: Por enquanto, vou fazendo apenas o básico, isto é, deixando o barco navegar e o lançamento indo de boca em boca, para os interessados em música, para os fãs do choro. Este livro é um documento histórico. Não tem prazo de validade. Como me disse um jovem violonista, aluno do Penezzi, o Ricardo, “- é para ir curtido aos poucos, um livro de cabeceira”. Gostei dessa idéia… E tudo vai ficar mais legal ainda quando conseguir colocá-lo nas bibliotecas públicas.
MARCELLO: Finalizando, pois, meu caro prof. José Amaral, como sempre fazemos, pedimos ao entrevistado que deixe uma mensagem para o Clube do Choro de Santos.
ZÉ AMARAL: o Clube do Choro de Santos tem um papel de extrema relevância na manutenção do gênero no Estado de São Paulo, em que pese a existência de outras entidades em São Bernardo, em São Carlos, o pessoal de Tatuí etc. Vocês além de divulgarem fazem aquilo que, a meu ver é fundamental: dão aulas. Somente o processo educacional conseguirá mudar a mediocridade existente hoje nos meios de comunicação, como já falaram o maestro Julio Medaglia, Toninho Carrasqueira, Alceu Valença e tanta gente mais. Eu espero que estes clubes do choro que resistem bravamente inspirem aos paulistanos para reerguerem o velho Clube incorporando esta atividade de educação. E, aproveito para também lembrar que, como fazem os EUA com o Jazz e os britânicos com a obra dos Beatles, porque não levar o choro para a universidade e dar-lhe o status que merece como gênero pioneiro urbano, patrimônio da cultura nacional? Aliás, Ivan Vilela já planta espaço da viola caipira na academia, esforço que está prá lá de certo! Merece todo apoio!
MARCELLO: Mestre, se faltou alguma coisa ou então deixamos de perguntar algo que você ache importante destacar, por favor, fique à vontade, a palavra é sua.
ZÉ AMARAL: Meus caros amigos, me perdoem por favor a conversa prolixa… Estava tão agradável. Tomara que tenha sido aproveitável. Uma coisa é certa: o nosso livro tem opinião e é preciso preservar a memória de nossa gente.
MARCELLO: Valeu mestre, muito obrigado pela entrevista, forte abraço e sucesso sempre.
ZÉ AMARAL: Muito obrigado a todos vocês.
Oi meu amigo Marcelo, parabéns.
Tenho acompanhado o seu ótimo trabalho junto ao Clube do Choro de Santos e a divulgação junto com o crescimento do mesmo.
Confessoo a você que sinto falta dos comentários das verdadeiras origens do nosso gênero instrumental.
Sobre o choro temos histórias a contar e divulgar sobre o verdadeiro Suvaco de Cobra que foi o último grande movimento de choro do Rio de Janeiro com origem na Peha Circular (subúrbio da Leopoldina) conhecido internacionalmente.
A Penha onde eu nasci com sua tradicional festa da Penha foi a célula maior do choro na Leopoldina.
Pixinga, Abel Ferreira, Dino Tico-Tico, Pinguin (ambos cavaquinistas), Maurício Carrilho, Álvaro Carrilho, Joel Nascimento (Camerata Carioca), Cincinato, Bide, Baden, Paulo Moura, Luiz Americano, Laurindo de Almeida, Francisco Sá, Zé da Velha, Wilson das Neves (baterista), Mestre Zé Paulo (cavaquinista já falecido), Jorginho do pandeiro, Paulistinha (flautista) entre outros que fazem parte deste maravilhoso cenário musical.
As nossas oringes dentro do choro que parte de Chiquinha Gonzaga, Patápio, Anacleto de Medeiros e outros grandes mestres da nossa música se inclui os bairros da Lapa onde morou Jacob do Bandolim, Vila Isabel e todo o centro do Rio de Janeiro que abrigou o nosso mestre VIlla Lobos, Radamés Gnattali (Retratos), Guerra Peixe, Ernesto Nazareth, vindo alguns de outros estados para compor um ciclo musical que fez a história do gênero e merecia ser honrado neste grande trabalho do Clube do Choro de Santos.
Considero que as palestras deveriam ser ministradas por pessoas que estudam o assunto dentro de uma didática direcionada. Hoje sabemos que o nosso bandolim tem o curso de bacharelado na UFRJ juntamente com professores universitários dentro do ensino musical popular.
Meu caro amigo, isto não é uma crítica e sim uma lembrança que tenho certeza, colocado no seu devido lugar, enriquecerá ainda mais o belo projeto do Choro de Santos. Sei que há grandes chorões espalhdos por todo o Brasil que se espelharam na música do Rio de Janeiro.
Veja o exemplo da Escola Portátil que possui professores universitários aplicando uma didática dentro do choro conservando uma obra de arte que tem o nome Brasil.
Façam de tudo, toquem de tudo mas modernizar o choro é como querer modificar a obra de Bach, colocar o sorriso da Mona Lisa para o outro lado alegando ser uma obra de arte antiga. CRIEM !!!!!!
Um grande abraço.
Joel Nascimento (bandolinista e compositor) Rio de Janeiro
Brilhante a sua entrevista, meu prezado prof. José Amaral.
Parabéns!!
Arthur do Pandeiro.
Olá Zé Amaral
Precisamos combinar de você vir na Rádio Cantareira para falar do livro, de preferência com um grupo de Choro junto assim fazemos um gostoso papo permeado com chorinho ao vivo acústico na rádio.
grande abraço e saudações comunitárias.
Lindo, lindo, lindo prof Amaral!!!
Que bela entrevista!
Sua história de aproximação com o choro é muito bacana!
Fico imaginando ainda a emoção que teve em entrevistar tanta gente, mergulhar em cada história… muito bom!
Parabéns por esse trabalho!!!
Olá meu bom Jose!
É com muita alegria que leio essa entrevista!
Só me resta te parabenizar pelo feito!
Acompanhei sua luta pelo ressurgimento do choro em nossa cidade como movimento cultural e musical, tal qual era em seus primordios, e principalmente como atualidade nos dias atuais!
É um ótimo passo para esse objetivo o lançamento de seu livro, que espero alcance logo o reconhecimento merecido!
Como você, curto nossa cultura e, obviamente nossa música, como ouvinte e como um diletante interprete!
É isso aí, parabéns e sucesso na sua caminhada, que, na realidade, é a caminhada de um povo que verdadeiramente sabe reconhecer sua cultura… ou deveria!!!
Grande abraço!
Eduardo Caballero, fotógrafo/ flautista
Enviado por Samsung Mobile
Fiquei muito feliz que tenhas escrito o livro, pois muitas vezes não obtenho sucesso ao pesquisar o nosso querido choro paulistano (imagino o quão árdua foi sua batalha para conseguir tanto conteúdo!).
É um livro de cabeceira para os chorões!
Abraço!
Ricardo B. Faria
Estou amando o livro, aprendendo muito (és um grande professor mesmo!) Estou no capítulo 4, porém andei trapaceando e lendo algumas das fofocas dos chorões (rsrs) no fim do livro (impossível resistir aos depoimentos do Izaías e de alguns músicos que nem o Danilo, Roberto seresteiro…)
É necessário que teu trabalho alcance proporções maiores, ainda mais agora que o ensino de música em escolas é obrigatório, sendo que devemos desde cedo incentivar a população a apreciar a música mais autêntica do Brasil.
É um livro de cabeceira para os chorões!
Abraço
Ricardo
Parabéns, Amaral !
É meu livro de cabeceira.
Excelente professor e pesquisador que conheço há anos, resulta em brilhante e justa homenagem aos chorões da urbe paulistana.
Interessantissima fonte de pesquisa sobre a historia da música brasileira e da cidade de Sao Paulo. Que voltemos a escutar o choro brasileiro da terra da garoa através desta magnifica obra ! Eduardo Carrara, Antropólogo USP /PUC-SP
‘Mutirão do Choro’ – Jornal GGN – da equipe do chorão e jornalista Luis Nassif dão destaque no dia 23 de Abril para ‘o primeiro livro do choro de São Paulo’
Confiram:
http://www.jornalggn.com.br/noticia/o-desafio-de-jose-amaral-no-primeiro-livro-sobre-o-choro-de-sao-paulo
Importante reconhecimento!
Meus parceiros de trabalho e os chorões agradecem! obrigado!