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LUCIO CARDIM: UM ASTRO ESQUECIDO

“Levar você de mim
é muito fácil eu bem sei,
difícil é fazer você feliz…”
(Lucio Cardim)
 
Durante um bom tempo, por desinformação, alguns profissionais da mídia atribuíram a Lupiscínio Rodrigues a autoria de um dos clássicos do cancioneiro popular brasileiro, “Matriz e Filial”. Certa vez em uma entrevista esse grande compositor gaucho afirmou que, “Matriz e Filial” era a musica que gostaria de ter composto, mas que a autoria era do compositor e cantor santista, Lucio Cardim.
Lucio nasceu em Santos no dia 7 de junho de 1932, e seu nome completo era Lucio Cardim Filho. Sua escola musical foi adquirida ouvindo as rádios, onde muitas das musicas que ouvia vinham diretamente de rádios paraguaias. Daí cresceu ouvindo tangos e guaranias, alem do noticiário sobre a segunda guerra mundial.                                                     

Com 14 anos já tocava em um trio formado por ele e mais dois amigos, onde tocava gaita, mas na verdade o que aspirava era se transformar em um cantor. Iniciou cantando no programa de Dindinha Sinhá, na Radio Atlântica, onde também participei junto com meus primos e Lolita Rodrigues que era nossa vizinha no bairro Chinês.
Lucio participava de todos os concursos que eram concretizados na época pela Radio Atlântica e Rádio Clube de Santos, onde sempre se destacava como um dos primeiros, mesmo disputando com adultos. Com o tempo, já bastante familiarizado com o violão, passou a compor, e teve suas primeiras obras gravadas em 1959, por Oscar Ferreira. Em disco da gravadora Odeon, em parceria com Alberto Roy, foi para o ar o samba canção “A voz da razão”. No ano seguinte uma guarânia de sua autoria em conjunto com o mesmo Alberto Roy, intitulada “Teu amor é minha vida”, recebeu uma gravação de Wilson Miranda, e outra, “Você no meu pensamento”, recebeu uma gravação por Valdemar Roberto, esta ultima em parceria com Mario Zan, e ambas pela gravadora Chantecler.
E assim seguiu sua carreira de cantor, na noite santista, e compositor, até que em 1964 estourou seu grande sucesso “Matriz e Filial”, na voz de Jamelão e, posteriormente regravada por Simone e mais adiante por Núbia Lafayette. Posteriormente teve outras composições gravadas por Isaura Garcia, e boa parte delas por Jamelão.  Em 1978 Altemar Dutra recebeu de Lucio, em uma madrugada na boite “La Barca” em que eu estava presente, uma composição chamada “Obra Prima”, que fez parte do LP desse cantor no mesmo ano. O “La Barca” era um reduto da noite paulistana, onde os compositores apresentavam a cantores, suas mais recentes composições, na esperança de vê-las gravadas. Como frequentador desse espaço, tive a oportunidade de ouvir em primeira mão, musicas que se tornaram sucesso nas rádios e TVs brasileiras.
Nesse mesmo ano de 1978, Lucio lançou seu único LP intitulado “Obra Prima”, que recebeu de José Ramos Tinhorão uma critica tecendo os maiores elogios, critica essa publicada no Jornal do Brasil. Consta que era sócio de Paulo Vanzolini na boite “Dor de Cotovelo”, situada na Amaral Gurgel, o que não se pode afirmar. Lucio Cardim é um artista nascido em Santos, que também permanece esquecido na memória de seus compatriotas, mas que a bem da verdade, tem seu lugar de destaque na Musica Popular Brasileira.Na maioria das composições do Lúcio aparece sempre um parceiro. Alem do Norberto Pereira,
do Mario Zan e do Alberto Roy, aparecem também Paulo Augusto, Edson Nenartavis, Antonio Moreno, Antonio Bruno e Candido Idaliro, entre outros.

CARLOS PINTO
Jornalista
(26.05.13)


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