Gente, recebemos o CD “TUDO NOVAMENTE” de Fernando Cesar e regional. A produção caprichou no visual, muito chique mesmo. Só obra nova, graças a Deus, choros inéditos e autorais, sem o velho ranço do repertório chato, batido e igual. Pra quem não sabe, Cesão – como é conhecido carinhosamente pelos amigos – é irmão do fantástico bandolinista Hamilton de Holanda com quem formou o Grupo Dois de Ouro. O DNA da família é forte. Mas o que eu gostaria de destacar – pois me chamou bastante a atenção – é seu texto no encarte do CD. Ele começa assim: “cresci ouvindo dizer que o Choro ia morrer e não entendia o porque. Eu era criança e aquele discurso, no cenho franzido e desesperançado de alguém que dava conta desse fim, não fazia sentido”. Pois bem meu caro Cesão peço licença pra fazer um comentário sobre isso. Quem deixou o meio choristico em polvorosa naquela ocasião foi Jacob do bandolim, o autor da “célebre” frase: “quando eu morrer o choro não será mais o mesmo”. Deixou-nos a impressão de que ele era o dono da coisa, o titular absoluto da posição. E eu disse naquela oportunidade que o mestre estava enganado e não errei na minha assertiva. E como o que Jacob dizia na ocasião era lei pra todo mundo, aceitaram pacificamente e jamais tentaram mudar esse estado de coisas, além do que, sua genialidade era tamanha que não deixou espaço pra ninguém tocar bandolim no Brasil durante muitos anos.
Déo Rian, um de seus discípulos, levou um tempo para assumir seu lugar à frente do Época do Ouro, o lendário conjunto criado pelo mestre do bandolim nos anos 60. Além de Déo, Joel Nascimento e Izaias Bueno de Almeida – ambos completaram 80 anos recentemente – grandes bandolinistas que se destacaram, dentre outros, lógico. Não teve espaço nem pro Luperce Miranda que foi anterior e sobreviveu ao Jacob que, na minha ótica, morreu precocemente. Por isso você cresceu ouvindo dizer que o Choro iria desaparecer. Assim como você outros contemporâneos seus – e anteriores até – também ouviram e, com certeza, ficaram encafifados. Porém, graças a você, seu irmão e tantos outros magníficos chorões essa frase tonta se perdeu no tempo, pois, vocês não deixaram o Choro morrer como frisara Jacob. Ao contrário, deram prosseguimento ao imenso e belo trabalho que ele deixou como legado às futuras gerações. Aí está o resultado, meu caro, considere-se um vitorioso assim como todos os chorões que prosseguem na luta em prol da causa. E note também que você, circunstancialmente, contradiz Jacob utilizando a expressão “regional” no nome do seu conjunto. “Fernando Cesar e regional”. Jacob abominava essa expressão e muita gente naquela época passou a odiá-la também por causa dele. Eu, particularmente, jamais tive qualquer problema com ela. Deu pra entender, meu caro? É isso. O grupo é formado por Fernando Cesar (violão de 7 cordas), Junior Ferreira (acordeon), Pedro Vasconcellos (cavaquinho), Thanise Silva (flauta) e Valerinho Xavier (percussão). Músicos convidados Eduardo Belo (contrabaixo acústico) e Vinícius Magalhães (violão). Destaco as composições “D’Angola no Choro” (Rafael dos Anjos), Maxixe do Cesar (Hamilton de Holanda), “Tudo novamente” (Alencar 7 cordas” e “Generoso” (Tiago Tunes e Vinícius Magalhães). O disco tá bem legal, pra quem gosta de boa música é um prato cheio. Aliás tá mais do que na hora do brasileiro aprender a ouvir música instrumental sem os tradicionais “lá lá lá e ô ô ô”, um saco.
Boa audição.
Abraços
Zé do Camarim
Maravilhaaa! Muito bom ver o som de primeiríssima do César e seu Regional, arrebentando Brasil afora!