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ENTREVISTA COM O ATOR RAPHAEL GAMA

araca foto 3O Ator, cantor, dramaturgo e tradutor Raphael Gama é o protagonista do espetáculo teatral ARACA, uma homenagem a cantora Aracy de Almeida (1914-1988), que na década de 70 e 80 ficou famosa como jurada do programa de calouros de Silvio Santos. Entretanto, Aracy Teles de Almeida foi bem mais que isso. Nos tempos em que mulher de bem não bebia e não fumava, Araca podia ser encontrada pela Lapa boêmia entre Custódio Mesquita e Noel Rosa, de quem se tornou a principal intérprete nos anos 30. O espetáculo tem texto e direção de Elias Andreato. Confira o bate-papo de Raphael Gama com Marcello Laranja, Presidente do Clube do Choro de Santos.

Marcello Laranja – Olá Raphael, diga-me cá uma coisa: como você fez para compor o personagem Aracy de Almeida…! Eu a conheci pessoalmente na década 70, lembro-me muito bem dela, portanto, refiro-me ao lado multifacetado dela – se é que posso assim colocar – ou seja, ela além de cantora foi durante muitos anos jurada de TV, atuou com diversos animadores, dentre eles, Silvio Santos, Chacrinha, Pagano Sobrinho…etc…etc…era uma mulher extremamente gozadora e sarcástica, tinha medo de avião, debochadíssima, boca dura, na minha modesta opinião, uma criatura que acabou por se tornar emblemática e cult, ao que me parece um personagem não tão fácil de encarnar. Como foi ou como está sendo pra você a experiência de vivê-la…!
Raphael Gama – Acredito que acima da personalidade, acima da fama de má-humorada, do perfil quase caricato de jurada de calouros, vinha a ARTISTA. A filha do samba-canção, a amiga de Noel, a mulher que precisou e quis se impôr num meio artístico machista para fazer sua arte e ser ouvida. Aracy era uma “mulher de culhões”, discutia de igual-para-igual e é isso que me fascina nela. As coisas que ela falava, sua opinião sagaz e corajosa e até hoje tão pertinente ganham beleza quando lembramos o seu samba. Pra mim é mais que personificar um famoso, é homenagear e relembrar sua arte, sua beleza. Durante o espetáculo, quando eu vejo na plateia as reações de carinho, que estão se divertindo e se emocionando com tudo, eu sinto que não é pelo Raphael que eles estão se apaixonando, mas pela Aracy, então meu dever está sendo cumprido.
Marcello Laranja – No palco como você se sente na pele da Araca, deve dar frio na espinha, né? Não sei, tô imaginando aqui com os meus botões.
Raphael Gama – Acho que um ator que não sente mais frio na barriga, não está mais fazendo seu trabalho. O teatro é esse organismo vivo, em constante vibração e imprevisível. É o único lugar onde fazemos todos os dias a mesma coisa e sempre sai diferente, e isso é empolgante e assustador de uma maneira incrível. Com ARACA, eu me vejo levando à frente da plateia uma mulher que alguns ainda se lembram, mas muitos não sabem exatamente quem ela foi ou mesmo que era cantora. Não é só um trabalho de resgatar uma lembrança, pois muitas vezes ela nem existe numa plateia menor de 30 anos. Mas sim de criar uma nova lembrança, uma boa o suficiente que faça com que essas pessoas descubram a pessoa e o samba de Aracy de Almeida. É um flerte. Um exercício de paixão. Eu preciso conquistar aquelas pessoas, então é como a sensação de um primeiro encontro pra mim. É tenso, é arriscado sempre, é intenso, mas é divertidíssimo!
Marcello Laranja – De quem foi a ideia do espetáculo e como você chegou a ele.
Raphael Gama – A ideia foi do meu amigo e mentor Elias Andreato. Eu vinha trabalhando com o Elias, na época por um ano, como seu Assistente de Direção. Ele já havia me visto cantar durante preparações vocais com os alunos e conhecido meu humor através de textos meus. Lembro de ter conversado com ele, na época, que estava estudando Dolores Duran, projeto que ainda penso em fazer, e pouco depois Elias me chamou para uma reunião e me apresentou Aracy. Eu não a conhecia. Levantamos juntos uma pesquisa, ele tinha um precioso áudio de um dos últimos shows dela, de onde tiramos muitas inspirações, buscamos entrevistas, registros da TV Cultura e juntos estruturamos um roteiro. Elias confiou a mim um projeto ousado sem, naquela época, ter me visto num espetáculo como ator. Foi uma aposta, um voto de confiança em mim e eu fico feliz e emocionado em saber que estou cumprindo o que meu diretor criou. Já fizemos várias apresentações em Sâo Paulo, fomos à Salvador e agora levaremos nosso espetáculo à Santos e cada vez mais sinto que a plateia pede por esse espetáculo, e isso é lindo!

ARACA, TRIBUTO A ARACY DE ALMEIDA COM MUSICAS DE NOEL ROSA
DIA 28/7/17,
horario 21 hs,
Teatro Municipal Braz Cubas de Santos
venda de ingressos na bilheteria do teatro Municipal de Santos
e quiosque da compreingressos Shopping Miramar 3º piso.
Informaçoes tel. 32.26.8000 – reservas para grupos com produtor Fernando Polaco
13-981-863465


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