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“PORTE INGLÊS”, A MÚSICA QUE FOI CANTADA E SÓ EU OUVI.

ALTAMIRO E O CLUBE DO CHORO DE SANTOSPor Marcello Laranja

O fato se deu a 24 de abril de 2006, uma segunda-feira…! Incumbido da tarefa de levar o flautista Altamiro Carrilho e seu empresário Sérgio Bargana ao Aeroporto de Congonhas para retorno ao Rio de Janeiro, lá estava eu, conforme o combinado, as nove horas da manhã na porta do Hotel Avenida Palace, em pleno coração do Gonzaga, onde ambos estavam hospedados. Após uma apresentação no SESC, no domingo, em comemoração ao aniversário do Clube do Choro de Santos e do Dia Nacional do Choro, com direito a canjas dos saxofonistas Caio Mesquita – que estava com dengue – e o “gringo do Choro”, maestro John Berman, nada melhor do que o merecido descanso. Mas estava na hora de empreender a viagem de volta. Eu vinha de casa e no carro trazia Luizinho 7 cordas e Fabrício Rosil, filho do violonista Zé Barbeiro, que também iriam retornar a São Paulo e aproveitaram a carona. Muito bem, todos a bordo, bagagem devidamente ajeitada na mala, rumamos em direção à Rodovia dos Imigrantes. Altamiro, àquela hora da manhã, estava esperto pra caramba, pegou-se num papo comigo sensacional e eu, obviamente, aproveitei a oportunidade para sabatinar aquele que era considerado um dos maiores flautistas do mundo e uma das últimas referências, até então, vivas do Choro. Então, papo vai, papo vem, falamos sobre Jacob e Sérgio Bittencourt, Pixinga, enfim, muita coisa a respeito de Música Brasileira. Pois bem, já em São Paulo, quando saí da Imigrantes e peguei o acesso à Avenida dos Bandeirantes, quase nas proximidades do Aeroporto, tive um dos maiores prazeres da minha vida, pois Altamiro começou a falar a respeito de uma composição sua – ainda inédita – feita em parceria com o humorista Chico Anísio. A esta altura percebi que os três, Sérgio, Luizinho e Fabrício, no banco de trás, minhas únicas testemunhas, estavam dormindo há algum tempo. Altamiro elogiava Chico de todas as formas dizendo que era um excelente compositor, além de ator, pintor, teatrólogo, enfim, destacava todas as virtudes do mestre do humorismo. Porém, mal sabia eu que o melhor ainda estava por acontecer, quando num determinado momento, já entrando no acesso a Congonhas, ele começou a entoar a música.
Cantou um maxixe “meio quadrado” – como ele mesmo dizia – pois ambos, com esta composição, queriam tirar um sarro nos gringos que, quando tentavam tocar o samba, só saía marcha…risos, muitos risos, naquele momento…!
E eu não tinha um gravador para registrar aquele momento incrível, não sabia gravar com o celular, aliás nem daria, como eu largaria o volante, impossível…! O transito estava muito carregado e qualquer descuido seria fatal…! Ficou, todavia, registrado na minha memória e na retina. Se me pedissem pra cantar, não saberia e não tenho nenhum registro escrito da letra. A música, que foi cantada e só eu ouvi, é inédita e chama-se “PORTE INGLÊS”. Seus autores…? Altamiro Carrilho e Chico Anísio…! Acreditem, isto aconteceu exatamente da forma em que relatei no artigo e a foto abaixo foi batida no dia anterior ao fato narrado.
Abraços
Zé do Camarim

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