Clube do Choro de Santos

Pois é gente, não é que ganhei de presente do meu cumpadi Ibys Maceioh outro disco do compositor Jorge Curuca? Então, trata-se do CD “RAIZ DO BEM” (2009). O nome é bem sugestivo e tem tudo a ver com esse meio portelense-meio imperiano que tem na letra e na caneta grande sensibilidade, a verve e a perspicácia do sambista verdadeiro. Até hoje não sei, na realidade, pra qual das duas escolas ele torce – ambas são de Madureira – só sei que as trata em suas composições com deferência e carinho. O cara pega na veia mesmo, direto e reto, e, como disse no outro comentário do CD “Mikimba, réquiem para um pé-de-chinelo” (2013), o cara faz samba, mas samba mesmo, sem nenhum resquício ou ranço de pagode, aliás, graças a Deus. Pra mim existe uma distância secular e quilométrica entre um grande sambista e um pagodeiro meia-boca. Aliás, a faixa 12 do CD, “Babacas”, define isso, Curuca sacou bem pra caramba. O disco é autoral e mostra de maneira significativa toda a qualidade da obra do compositor Curuca e seus parceiros. E quem disse que sambista não compõe toadas, uai, sô…! Tem quatro no repertório, Japeri, Anuviou, Marim (essa em parceria com Levy Ramiro) e Mundéus. O cara não é fraco, não. A esta altura já me considero altamente suspeito pra falar dele, pode até parecer rasgação de seda, mas não é, tudo isso é muito verdadeiro, pois, quando gosto, gosto mesmo e pronto, fim-de-papo e “zé fini”…rsrsrs…E o mais engraçado é que – acreditem – não nos conhecemos pessoalmente, nos falamos apenas por email. Mas uma coisa posso lhes garantir, parece que existe uma amizade com mais de trinta anos. É incrível a sensação, sem dúvidas, de uma maneira ou de outra, a música aproxima as pessoas, taí a prova. Seguinte, tem gente boa pra caramba trabalhando no CD, dentre eles, Marcos Sacramento, que, embora bastante experiente, pertence a essa nova safra de sambistas como por exemplo, Léo Russo e Moisés Marques, duas grandes revelações da atualidade. O cantor Chamon, como já disse noutra oportunidade, o preferido da família “Lago”, meu prezado José Roberto Leão, violonista de 7 cordas e arranjador, integrante do Grupo Taruira e também parceiro de Eliane Faria, filha do mestre Paulino da viola, mais Sergival, Karina e Lúcio Mariano, Roberto Serrão, Levi Ramiro, Mário Vivas, Sonia Luz e Raquel Nascimento. Se faltou alguém, me perdoem, não foi intencional. Bom, cheguei até aqui e só faltava uma coisa: ouvir o disco com atenção para completar o artigo. Então, naquele domingo, como de costume, saí pra buscar o “boi com abóbora’ e botei o CD pra tocar. Maravilha, gente, sensacional, muito bom. Aí cheguei na faixa 4 e parei, não prossegui, voltei uma, duas, três vezes, queria ter certeza de que estava ouvindo aquilo. “Cuidado Moreira, eu sou daqui, não sou dali, se  Morengueira é “O Tal” eu sou Curuca do IAPI”…”mandei convocar aquele gringo com nome de vinho alemão Liebfraumilch, Katz Wein, Shwarzenerger, tira essa máscara de jegue e vem aqui me dar u’a mão”…putz, genial, sentiram o tamanho da encrenca? Se fosse em São Paulo essa honra ficaria com Germano Matias e no Rio com Kid Morengueira. Falando português claro, um puta samba-de-breque maravilhoso, sacudido, malemolente e bem construído. Não preciso dizer mais nada, é desnecessário, quem quiser que compre o disco e aprecie. Pronto, falei…! E voltando aos detalhes técnicos, no encarte, com ficha muito bem elaborada, textos saborosíssimos e manifestações de apreço ao compositor Curuca de Geraldo do Norte, o “Poeta Matuto”, do mestre Monarco, Marceu Vieira e Edmar Oliveira, um baita privilégio. A produção fonográfica é do próprio Curuca, a executiva é do Carlos Alberto Maia e a musical é do multifacetado e competentíssimo músico, José Roberto Leão, além de tocar vários instrumentos e cuidar também dos arranjos. Ah…e se por acaso você ouvir alguém pronunciar, “fala Jorge Simão, meu cumpadi”…não se assuste, é o próprio Curuca que também atende pela “alcunha”. Para Japeri segue o bonde da serrinha com sândalos, sachês e naftalinas. Mesmo compondo um samba indignado, meu fígado – o enredo – que o diga, sempre será a festa do meu coração fincado na raiz do bem…icacete, isso dá samba, virei poeta…rsrsrsrs 

Acompanhe o site www.jorgecuruca.com.br