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LAURINDO DE ALMEIDA NA VISÃO DE MÁRIO ALBANESE

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No Programa da TV Gazeta Notas e Notas que eu produzia e apresentava aos sábados às 20h00 em 1987,  Laurindo de Almeida concedeu-me uma memorável entrevista. Violonista, compositor, arranjador e regente Laurindo Almeida nasceu no Estado de São Paulo aos 02 de setembro de 1917, na  cidade litorânea Prainha, hoje Miracatu, no Vale do Ribeira. Sua formação musical teve início em casa com o pai seresteiro, a mãe, pianista e a irmã Maria que o iniciou no violão. E 1935 com 18 anos e respirando talento mudou-se para Santos e depois para o Rio onde enfrentou imensas dificuldades.            Dormiu ao relento e sobreviveu com um pingado matutino. Sua carreira desperta em 1936 e a bordo de um navio de cruzeiro. Aos 21 anos e em 1938 surge o duo de ritmo sincopado intitulado Cordas Quentes com o genial Garoto, dois anos mais velho. A dupla atua em gravações como acompanhantes e também em apresentações de muito sucesso em cassinos.  Em 1939 levado pelo radialista César Ladeira assina com a Rádio Mayrink Veiga, onde as aspirações do Duo Cordas Quentes se propagam criando fama. No Brasil, Laurindo deixou significativa contribuição, ao tocar também ao lado de artistas como Heitor Villa-Lobos, Radamés Gnattali e Pixinguinha. Com o fechamento dos cassinos em 1940 viajou para os Estados Unidos onde se tornou uma personalidade de renome. Em 1947 fez parte  do estafe Carmen Miranda. A partir de 1950, se estabeleceu em Los Angeles onde foi um requisitado músico de estúdio, com significativa participação na gravação de muitos discos.  Tornou-se uma celebridade como violonista da moderna orquestra de Stan Kenton. Passou a ser referência e contribuiu muito para a difusão da música brasileira nos EUA. Suas gravações de 1953 com o saxofonista Bud Shank se antecipam à bossa nova que os norte-americanos entendem como samba-jazz. Laurindo nos anos 1963-1964 participou do Modern Jazz Quartet, um grupo evolucionista e progressivo.  Indicado por (16) dezesseis vezes ganhou (6) seis Prêmios Grammy. Compôs, fez arranjos e participou de filmes dos principais estúdios de Hollywood. Em 1956 tocou alaúde no filme Os Dez Mandamentos, em 1972, bandolim em O Poderoso Chefão, e violão em Os Imperdoáveis, dirigido por Clint Eastwood em 1992. Fez arranjos para os seriados de TV, Bonanza e Além da Imaginação. Quando estive no Rio e hospedado no apartamento do Garoto, este me confidenciou que recebera a visita do Laurindo de Almeida que eu tinha como um verdadeiro ídolo pelo que representava para a música e para o jazz nos EUA. A pergunta veio pronta: ele tocou? Não. Veio para me ouvir!  O fato revela a humildade e o cavalheirismo do Laurindo, bem como sua reverência pela criatividade do seu amigo e parceiro na valsa Lembras-te de mim, além de inventor do violão tenor! O reconhecimento está subentendido e implícito. Pois bem, Garoto no Brasil e Laurindo nos EUA com a música brasileira sempre dignamente representada. O paulistano Garoto nasceu aos 28 de junho de 1915 e o paulista Laurindo aos 02 de setembro de 1917, apenas (1) um ano e dois meses de diferença de idade. Garoto morreu com 39 anos e aos 03 de maio de 1955. Laurindo morreu em Los Angeles aos 26 de julho de 1995, com (78) setenta e oito anos.  Tive a felicidade de conviver com os dois. Ambos se merecem! O pensamento cria, o desejo atrai e a fé no trabalho realiza.

Mário Jequibau Albanese


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  1. admin #
    1

    O solo de violão do tema musical de “OS IMPERDOÁVEIS” foi o último trabalho que Laurindo de Almeida fez para o cinema.

    Ele também foi o executante daquele violão “esquisito” no tema musical de “ZORBA, O GREGO”.

    Por Adilson Salvador (radialista, produtor e promotor de eventos) – São Paulo – SP



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