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ECOS DE UM CAVAQUINHO EM SERENATA

Cavacos

Nesta sexta-feira, dia 29 de novembro, o Clube do Choro de Santos, realizou no Teatro Guarany uma noite de grande música e de grandes músicos, justa homenagem a três dos maiores cavaquinhistas do Brasil.
Waldir Azevedo, sem sombra de dúvidas, foi o maior cavaquinhista da musica brasileira. Músico sensível e inovador que criou um estilo, uma escola e que trouxe o cavaquinho para frente do palco, visto que esse instrumento era tido apenas com instrumento de acompanhamento ou de “centro” como é conhecido nas rodas de choro.
Zinomar e Gentil foram outros dois grandes músicos aqui da terrinha que também deram ao instrumento a dignidade e respeitabilidade, além de grandes compositores de choro e de canções. Foram de certo merecedores desta homenagem.                           

O PÚBLICO
O público de Choro é um público especial que sabe o que vai ouvir. Algumas vezes o teatro pode ter 1.000 pessoas e estar vazio e ter 50 pessoas e estar lotado. O Guarany estava lotado. Pessoas ávidas por música de qualidade, comovida e participativa que sabia o que estava acontecendo no palco.
O público estava à altura do que rolava no palco. Digo eu que, como dizia o antigo compositor baiano, atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu.

A BASE
Foi de certo uma noite para solistas de cavaquinho, mas para isso era preciso uma base forte que desse aos músicos solistas a tranquilidade para suas performances.
No violão de 7 cordas, nada melhor do que o genial Luizinho Amorim que mais uma vez mostrou, dentro de sua grandiosa humildade, todo o seu talento e sua criatividade. Luizinho na certa é uma garantia de uma noite de grandeza. Salve Luizinho 7 cordas. Vinicius de Morais dizia que era da linha direta de Xango. Luizinho é da linha direta do Dino 7 cordas.
No cavaquinho de “centro” nada mais nada menos que a sabedoria do Mauro 7 cordas, que mais uma vez, na sua mansa sabedoria trocou o potente 7 cordas pelo cavaquinho e com o seu incomum talento, junto com Luizinho 7 cordas, formou uma dupla imbatível.
No pandeiro, o surpreendente Dr. Lima que, do jeito que está tocando, acho até que, nas horas vagas é que se põe a tratar os dentes da moçada. Cada vez melhor o Lima. Além de estar sempre estudando, pesquisando, o homem é aluno do lendário Jorginho do pandeiro. Lima, com muita humildade vai se firmando como um dos melhores pandeiros de Choro.

OS SOLISTAS
O primeiro solista a se apresentar foi o Carlinhos do pandeiro, que, à quase 70 anos vem tocando Choro, acompanhando grandes artistas por esse mundo a fora e, que, nas horas vagas toca cavaquinho. Carlinhos, com sua velha malandragem, faz do cavaquinho um instrumento malicioso e esperto como os bons malandros de outrora.
O segundo solista foi o tranquilo senhor Paulão que veio de Campinas e mostrou ser um solista muito sensível, profundo conhecedor da obra do Waldir e melhor ainda conhecedor do braço do cavaquinho. Grata surpresa.
Aqui da terra veio o terceiro solista. Oswaldinho do Cavaco que começou a tocar muito menino e é dono de uma grande técnica além do virtuosismo esmerado. Oswaldinho fez uma apresentação belíssima com muita emoção e, também vem se firmando como um dos grandes solistas do cavaquinho, mantendo a velha tradição de músicos de Choro de Santos.
Finalmente se apresentou o último músico da noite, o não menos talentoso e especial Gustavinho que vindo de São Paulo, parceiro querido do Clube do Choro de Santos que além, de ser um grande músico, é um pesquisador muito dedicado.
Gustavo, músico muito sensível, fez uma apresentação de gala, o termo é antigo, mas, na realidade foi o que aconteceu no palco do Guarany.

O CANTOR

Já quase no término do espetáculo foi emocionante ouvir na voz do incomparável seresteiro Jorge Maciel, que se tornou legalmente parceiro post mortem de Waldir Azevedo – a interpretação de “Minhas mãos, meu cavaquinho” – que apresenta ao final um trecho da Ave Maria. Maciel conseguiu nesta letra retratar com exatidão a gratidão de Waldir a Deus por ter permitido que voltasse a tocar depois de um grave acidente doméstico sofrido. Esse choro é considerado umas das mais belas composições de Waldir Azevedo sempre emocionando plateias inteiras pela sua melodia e história.

OS ALUNOS DA ESCOLA DE CHORO
De propósito deixei para falar da apresentação dos meninos por último. A cada apresentação dos meninos é visível o crescimento e a maturidade deles. Os meninos se apresentam com elegância e como velhos profissionais, sem abandonar, é claro, o frescor próprio da idade.
A cada apresentação dos alunos da Escola de Choro e Cidadania Luizinho 7 cordas, fica comprovado e, mais do que isso, demonstra o acerto e a concretização do sonho sonhado pelo Clube do Choro na criação da Escola de Choro.
Mais uma vez parabéns a toda a Diretoria do Clube do Choro que vem cumprindo com responsabilidade e como muita humildade tudo aquilo o que foi proposto quando da sua criação.
Por fim um agradecimento especial à Nita Alimentos e à Secult/Prefeitura Municipal pelo apoio cultural e parceria.

Zé do CamarimZe_camarim_completo_Jpg2


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