Meus amigos, estive na quarta-feira, 25 de setembro, no SESC prestigiando a apresentação deste fantástico compositor e instrumentista Hamilton de Holanda. Foi sensacional, magnífico, fiquei tão emocionado que resolvi escrever algumas palavras. Só lamentei a ausência dos demais companheiros do Clube do Choro de Santos que encontravam-se num outro evento que, coincidentemente, aconteceu no mesmo dia e, praticamente, no mesmo horário. Paciência, tá valendo do mesmo jeito. Confiram.
Abraços Zé do Camarim
PURA EMOÇÃO
Hamilton de Holanda Trio. Teatro do Sesc. Abertura de um tradicional Festival Literário de Santos. Uma noite encantada que lavou a alma dos privilegiados que estavam por lá. Acredito que nem todos sabiam muito bem do talento do homem e acabaram subjugados pela criatividade, emoção e a incrível velocidade da mão esquerda do Hamilton. Sei também que alguns chorões tradicionalistas torcem o nariz para o músico e também para o caudaloso e nem sempre ortodoxo Yamandú Costa. Não deviam. A esses queridos amigos chorões lembro que, quando Pixinguinha lançou o choro “LAMENTOS” (*), foi criticado por tradicionalistas daquela época que entendiam que aquela composição era jazzística demais, e, que, ele voltou de Paris influenciado pelo grandes nomes do Jazz que faziam sucesso por lá. Lembro ainda aos amigos que, afinal, o genial Dino 7 cordas não era moderno quando inovou e renovou o jeito de tocar o violão de 7 cordas, ainda naqueles tempos? O não menos genial multi-instrumentista Garoto não era moderno demais para o seu tempo? Todos os grandes músicos de hoje o consideram um dos papas do modernismo da musica popular brasileira dada a sua inventividade e criatividade harmônica. Não mesmo meus amigos, Hamilton de Holanda está, na verdade, revolucionando a forma e a maneira de fazer o Choro trazendo este gênero musical para as novas gerações sem perder a brasilidade, a essência e a alma do velho chorão. O tudo mais é conversa pra boi dormir. Numa noite memorável Hamilton de Holanda brindou o público, ávido por musica boa, que lotou o teatro do Sesc, com composições próprias, além de desfilar composições de Tom Jobim, Chico Buarque, Baden, Pixinguinha, Vandré, Geraldo Pereira e bem mais do que isso, o brilho insuperável dos improvisos e, que em muitos momentos demostravam o virtuose capaz de surpreender até seus acompanhantes, também músicos excepcionais, o baixista André Vasconcellos e o percussionista Thiago da Serrinha. Claro ficou também a consistência dos ensaios e o entrosamento dos músicos com Hamilton, que em alguns momentos se deixavam apenas como base para as viagens harmônicas do genial solista, que, vez ou outra conseguia criar nova melodia em cima da música original. Internauta amigo, o grande músico Hamilton de Holanda só comprova o acerto da criação, em Brasília, da Escola de Choro Raphael Rabello que vem descobrindo e formando verdadeiros craques para vida musical deste País. Uma galera bem jovem saída da Escola de Choro e das rodas de Choro e Samba de Brasília vem encantando o país e muitos deles já com uma carreira internacional consolidada mostrando ao mundo a excelência do músico e da música brasileira. Ah! Senhores, Hamilton de Holanda toca Bandolim. É isso mesmo Bandolim meus caros e ele não deitou no palco com o Bandolim.
(*) “LAMENTOS” (1928, que ganharia letra de Vinícius de Moraes em 1962 e teria o nome mudado para Lamento”).