O violonista brasileiro Marco Ruviaro, radicado em Turim, nos apresenta esta bela valsa composta pelo violonista Denis 7 Cordas no ano de 2010.
Esta peça tem um fato no mínimo inusitado. Trata-se de uma Valsa realmente sem nome.
A pedido de nosso amigo Marco Ruviaro que também é nosso correspondente em Turim, eu Zé do Camarim (eu mesmo), investido de maestro farei a análise desta obra.
Para ouvir a música: http://www.marcoruviaro.com/blog/vals-sans-nom-de-denis-7-cordas/
Pois bem, esta valsa começa com um sforzato ornamentale in levare, que apresenta o motivo temático da peça, sucedido por um arpeggio dolente do segundo grau da tonalidade principal (Lá menor), mantendo porém o andamento larghetto perlomeno tranquillo ma senza però pietà nel pestare le foglie d’autunno, o que nos oferece já desde o início o caráter introspectivo da peça.
A primeira resolução ocorre em instância de cadenza in ritardo, cuja frase porta imediatamente a uma temporaria modulatio ao quarto grau, que pouco se afirma devido à inusitada e imediata ripresa della tonalità anzitempo logo no compasso seguinte ao acima mencionado.
A segunda seção da peça se deixa impor através de uma progressione sostenuta col basso pedale, o que vem por reforçar a dramaticidade do material motívico que está por aparecer logo em seguida — um arpeggio diminuito sulla dominante in anticipo (em português claro, um banal arpejinho a partir de ré sustenido).
O cúlmine desta obra-prima vem deixar-se aparecer de forma elegante na chiusura ritenuta anziché interrotta senza digressione na tonalidade relativa, dó maior, o que causa o conhecido efeito de subito spavento sottolineato dalle terzine sincopate in discesa fortepiano, o terror dos cardíacos amantes das salas de concerto.
Não obstante a estimável exatidão e profundidade desta análise realizada, quando da estréia desta peça o intérprete Marco Ruviaro viu-se forçado a fazer um appunto aggiuntivo a tão soberba explanação:
— E, por fim, tenho observado que devido à sua rítmica pouco ternária, esta valsa tem sido afrontada com particular reticência pelos analistas musicais da corrente tradicionalista.
Lui è molto bravo !!!
Abração do Zé do Camarim