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A BAIANIZAÇÃO DO CARNAVAL SANTISTA

Volta e meia, sempre no tempo de carnaval, uma legião de papagaios de piratas, travestidos de comentaristas, aproveitando-se dos quinze minutos de fama, tempo máximo, aliás, que a mídia oferece aos “carnavalescos” e “sambistas” de plantão, se arvoram em conhecedores profundos do carnaval e do samba santistas.
Esses boquirrotos, cronistas sem história, deitam falação sobre carnavais passados, sem nunca ter visto um carnaval de verdade e, sem querer ser mais um desses abobalhados, peço sua atenção para, com a devida vênia, tirar a azeitona da empada dessa rapaziada cheia de empáfia.
Esses espertalhões que vivem como parasitas apegados ao poder, não passam de comentaristas chapa branca que, a troco de alguns caraminguás, agradam a todos, estão sempre em cima do muro, sem opinião própria e sem a necessária razão crítica, se tornam afagadores de egos e ufanistas bobocas de um carnaval por vezes medíocre.


Só para lembrar os sem memórias e os desconhecedores do tal segundo (?) carnaval do Brasil que, sim, Santos teve um grandioso Carnaval, carnaval pra folião nenhum botar defeito. Senhores, nós estamos aqui falando de Carnaval e não  apenas de desfile de Escolas de Samba, que, infelizmente, nesse quesito, Santos ficou para trás, mas muito para trás mesmo em relação ao Rio de Janeiro e São Paulo e, talvez, até de algumas cidades do País. Nos anos 40, 50 e meados dos anos 60 Santos mandava no Carnaval do Estado de São Paulo, não só pelas Escolas de Samba, mas muito mais pelo grandioso carnaval de rua e de Clubes.
 O desfile de Escolas de Samba mais os Choros, Ranchos e Blocos Carnavalescos formavam o grande Carnaval de rua, tanto nos duríssimos campeonatos, como nas pré-carnavalescas Batalhas de Confetes que eram realizadas nos bairros como preparação para os desfiles no domingo gordo. Nessas batalhas de confetes todos os participantes, Choros, Ranchos, Blocos e Escolas de Samba desfilavam com as fantasias do ano anterior, isso com muito confete e serpentina, um maravilhoso pré Carnaval. Além de tudo isso, havia também os corsos, o desfile brincalhão e muito concorrido da Dona Dorotéia e seus patuscos blocos com fantasia de papel, na Ponta da Praia, com muita crítica social.
Não podemos esquecer do Bloco das Misses, o Vai Quem Quer e outros tantos blocos de sujos que brincavam o Carnaval pelos bairros, como o Bloco do Boi, Engole ele Paletó, Patuscada Estudantil, todos sem o famigerado caminhão chamado de trio elétrico, onde a família fantasiada brincava pelos bairros sem cordão de isolamento. Era assim.
Atenção, carnavalescos senhores, todos os Clubes realizavam seus bailes de Carnaval e o Clube mais vazio colocava cerca de 4 a 5.000 pessoas dentro do salão, alguns com 8 a 10.000 foliões, todas as noites, além das matines, é claro. A impressão é que a Cidade brincava o Carnaval já pensando no Carnaval seguinte e essa era a vida da Cidade
São Paulo, Capital e Interior, vinham pra Santos brincar o Carnaval. Muitas famílias compravam apartamento em Santos, somente pelo Carnaval. Então, aquele segundo Carnaval, representou um momento histórico, circunstâncias e características da Cidade que, lamentavelmente não existem mais. Carnaval não há.
Santos desaprendeu. Não sabe mais brincar. Importou o tal nefasto trio elétrico que é próprio do Carnaval Baiano e não tem nada a ver com nossa realidade, não faz parte de nossas tradições. A baianização do carnaval santista. O povo brincava nas ruas com o perfume do lança-perfume, atualmente brincamos com o perfume do óleo diesel dos tristes trios elétricos. Claro está também, que o povo sempre consegue se livrar do carnaval oficial organizado pelo Estado inovando, renovando e se inventando, pois que o Carnaval é a festa máxima, ou foi um dia, do povo brasileiro, sem amarras e sem cabrestos. O Carnaval é que nem a praça que é do povo como o céu é do condor, disse um dia o Caetano e atrás do trio elétrico só vai quem já morreu, não disse Caetano.
Foliões, carnavalescos e autoridades esqueçam o segundo carnaval do Brasil e tratem de realizar o melhor carnaval de Santos, pois que o carnaval baiano é melhor carnaval da Bahia, o carnaval do Rio é o melhor carnaval do Rio e por ai afora.
Mestre Muniz, no carnaval do estado mais negro do País, negro não vai. Nas Escolas de Samba, tanto de cá, quanto de lá, tem mais loiro que na Suécia, ou seja, pelo andar da comissão de frente, logo, logo, algum deputado vai ter que enviar a Câmara um projeto de Lei, garantindo uma cota mínima para os negros nas Escolas de Samba, assim como nas Universidades.
Folião amigo brinque se for capaz. Um punhado de serpentina e confete e vamos em frente que atrás vem gente.


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