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ENTREVISTA PARA O BLOG DO CLUBE DO CHORO DE SANTOS, COM O ESCRITOR, CRONISTA, POETA, PERCUSSIONISTA, AGUINALDO LOYO BECHELLI, NOSSO CONTERRÂNEO

Sem pretensão de inovar, mas já inovando, eu, Marcelo Laranja e meu colega Luiz Pires, aqui do Clube do Choro, formulamos perguntas para Aguinaldo. Mas conhecendo a sua fluidez de estilo, em vez de estereotipar o papo, como de costume, vamos por na mesa um chamariz de perguntas, deixando Aguinaldo à vontade pra falar, enveredar por onde quiser. Assim, a gente melhor aproveita o tempo e desfruta mais da criatividade do entrevistado. As perguntas são apenas ganchos.

Desde já agradecemos, esperando merecer do Aguinaldo, no final, uma mensagem para o Clube de Choro de Santos, que neste ano – 2012, completa dez  anos.

 

Vê aí, Aguinaldo:

 

>      Destacamos a tradição de sua família no gênero musical choro, em Santos. fundadora do antológico Grupo “SAPECA CHORO”, em 1919.      Seu avô flautista. E quem mais?

 

>      Orgulho do “LENHA DE CASA”. – Conjunto de Choro que você fundou e tanto se apresentou quintais afora.

 

>      Como conseguiu manter músicos tão extraordinários no  “LENHA DE CASA?” -  Peri Cunha, Jessé Silva, Plauto Cruz, Nelsinho do Cavaquinho, Antenor Senegáglia, José Festa, Arnaldo e Ricardo Bechelli?

 

>      E da glória do “LENHA DE CASA” em  participar e ser classificado no Primeiro Festival de Choro “Brasileirinho”, promovido pela TV Bandeirantes, em 1977?

 

>      Sua participação no consagrado Bloco Carnavalesco ”AGORA VAI”, naturalmente tem história.

 

>       Você nasceu no bairro do Marapé. Com todo respeito e consideração aos demais bairros, achamos que Marapé e Campo Grande são os mais musicais, criativos e alegres. Sem bairrismo, concorda?

 

 

>      E como escritor?  Qual a sua trajetória?

 

>      Dois choros do extraordinário flautista Plauto Cruz lhe dizem “  respeito: “CHORO PARA AGUINALDO” e  “PRA JOÃO LOYO.

 

>       Além de escritor, poeta, cronista, você também é percussionista.  Quantos instrumentos toca?      Como surgiu o percussionista?

 

>      Como conheceu e manteve amizade com Alcides Gonçalves e Lupicínio Rodrigues?

 

>      Você deve ter convivido com expoentes músicos, compositores, cantores. Cite alguns.

 

>      Em Porto Alegre, que lembranças guarda do bar “BATELÃO        “  e do bar “ADELAIDE’S?

 

>       E da glória em participar e ser classificado no Primeiro Festival de Choro “Brasileirinho”, promovido pela TV Bandeirantes, em 1977?

 

>      O Segundo Festival de Choro foi bastante concorrido, mas não teve a mesma repercussão do Primeiro. Na ocasião, o polêmico crítico José Ramos Tinhorão declarou ser contrário à mecanização do choro. Você concorda? Acha que os Festivais do gênero ocorrem para o renascimento ou a descaracterização do estilo?

 

>      Na sua opinião o choro vive um bom momento?

 

>      O seu pseudônimo “ZINGAMOCHO”  como surgiu?  De onde veio? Foi sugerido ou é criação sua?

 

>      Quantos livros você tem publicado? O recente lançamento que fez do seu livro “CAUSOS CAUSADOS – CÓCEGAS NA INTELIGÊNCIA”, aqui em Santos na livraria Realejo foi bem sucedido?

 

>      Quantos livros tem publicado? E deve ter expressivo número de Crônicas, Poesias, Monólogos. Tem também letras de músicas?

 

>      Tem livros para publicar?

 

>      “RECITAL NUM RECINTO” é um espetáculo de sua lavra, onde você figura como criador, roteirista, diretor e artista. Dá para explicar?

 

>      Em março deste ano (2012) você lançou o SARAU ZINGAMOCHO. Soubemos que foi um sucesso pela originalidade e qualidade dos participantes. Como se dizia antigamente, dá para dar uma palhinha?

 

>      Em 25 de outubro do ano passado (2011) você completou 80 anos. Soubemos que lhe foi prestada uma grande homenagem. Como foi?

 

 

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RECEPTIVIDADE

 

É  enorme  privilégio  ser  entrevistado  por  meus  amigos e conterrâneos Marcelo Laranja  e  Luis  Pires,  ainda  mais  para  o  Clube  do  Choro,  de profunda admiração. Minhas invejas, no plural mesmo.

 

Vamolá:

 

MINHA TRADIÇÃO NO CHORO

remonta 1885/2012. Faz 127 anos. Vovô Jãozito faria fezinha: milhar e centena. O recado é que há um século e tanto, meu bisavô, João Gonçalves Loyo fundou e regeu a Banda Musical Colonial Portuguesa de Santos, extensão da bandinha em família, composta por seus cinco filhos, jovenzinhos: João, Antonio, Belmira, Sebastião, Armindo. que com ele aprenderam a arte e ciência de combinar os sons. A manhosa interpretação veio no sangue.

 

Em 1920, meu avô, João Gonçalves Loyo Júnior, flautista, nível maestro e tio Sebastião Gonçalves Loyo, violonista, ajudaram a fundar o Grupo Musical SAPECA CHORO, que desfilou até 1936, deixando sementes que frutificam até hoje, com registro nos anais da história musical  de Santos.

 

O mais brilhante e cheio de truques era Tio Sebastião. Tanto, que para melhor efeito nas apresentações, principalmente ao ar livre, com suas próprias mãos, construiu violão de sete cordas. Diz que parecia rabecão. Colocou no seu artesanal instrumento corda adicional, nona de piano. Essa sétima corda, não sei se afinada em dó ou si, nos baixos, dava aquele gordo bummm! Sentiu? Bate no estômago, mas a gente sente mesmo é no coração.

 

O violonista clássico José do Patrocínio, fundador do Centro Violonístico que leva seu  nome, em Santos,  freqüentava a modesta casa dos Loyos, para ouvir choros. Ele só pegava o violão para seus clássicos depois que passava o último bonde 17, por causa do barulho das rodas de ferro nos trilhos.

 

Vô Jãozito, conferente de carga e descarga de navios e tio Sebastião, pintor de parede, nas folgas, ensinavam os mais novos a tocar instrumentos, à exemplo do pai deles.

 

Num daqueles memoráveis Carnavais, em que o choro era destaque, havia acirrada disputa entre os conjuntos. Faltando menos de um mês para o concurso, um espírito-de-porco armou tremendo sururu no Grupo Sapeca Choro. Só sei dizer que a família Loyo ficou sozinha. Vovô (flauta), Tio Sebastião (violão), Tio Tonico (bombardino e reco-reco), Ângelo, meu pai (banjo) e Walter Loyo do Santos, sobrinho (violão).

Que fizeram os malandros parentes? Juntaram todos os alunos, até mesmo os mais crus, ensaiaram a fio, todas as noites, um só choro, bem complicado, cheio de xavecos, tipo O NÓ de Candinho ou NÃO COMBINA de Pixinguinha. Só sabiam aquela música. A rapaziada decorou as posições, obrigações, breques. Fermata era grego. Até o improviso foi criado, não sendo, assim, de súbito, mesmo porque não dá pra ensinar ao intérprete o gosto musical ou a liberdade rítmica, chamada de rubato pelos eruditos.

Eh! Os integrantes não conheciam direito o que estavam fazendo dentro da pauta musical cheia de bolinhas. Mas, com certeza, aqueles músicos calouros embarcaram no entusiasmo, no encanto dos Loyos, dotados de alma e destreza para fugir do estilo engomadinho. E se for para falar em audácia, vou ter que descrever vovó Maria Eugênia da Silva Loyo, sempre decidida para vida e exímia solista de bandolim. Gente que não puxava a música do bolso, mas sim do fundo do coração.

 

As únicas pessoas que valem alguma coisa são as que se arriscam. E lá, naquele surpreendente grupo de choro havia duplo risco: o arrojo dos novatos e o atrevimento dos veteranos.

 

Para espanto geral, ganharam o primeiro lugar. Os concorrentes ameaçaram pancadaria. Queriam que os vencedores tocassem outra música, mas para o juri seria irrelevante. E forçar sair no braço com os Loyos, temerária aventura para os adversários.

 

Nascia ali o novo conjunto: LÁ VAI CHORO.

 

Os Loyos emprenharam muita gente pelos ouvidos. Presença secular.

 

O famoso Conjunto TRIÂNGULO DE OURO, em 1924, ganhou o festival, em Santos, graças ao choro do mesmo nome, de autoria do tio Sebastião. Eu tenho a medalha.

 

Nossa família já está na sexta geração de aficionados pelo choro, num enredo que remonta a época das valsas, shottisch, polcas, mazurcas, com o samba sempreem linha. Nojazz mamamos um pouco, assim como o nosso Pixinguinha deu o peito para eles no relacionamento com Louis Armstrong. Mas “Choro é Choro e Jazz é jazz”, como bem acentuou Marcelo Machado de Campos Laranja, presidente do Clube de Choro de Santos.

 

Vovó Maria Eugênia, viga-mestra da família, exímia bandolinista, artista inata, sacou a expressão “Lenha de casa”, que corresponde ao “caco” no teatro. É o improviso, a tirada que a verve do ator saca fora do script, quando a peça abre deixas a enxertos, como faziam Cantinflas, Ronald Golias e Dercy Gonçalves Peguei gancho nesse achado, fundei e batizei o conjunto da minha época de LENHA DE CASA, florescido em 1950, quando tocávamosem São Vicente, na casa do saudoso Peri Cunha, bandolinista popular e clássico, de marcante erudição.

 

 

No auge, a nata do LENHA DE CASA: Peri Cunha (bandolim) Jessé Silva (violão 7 cordas), Nelson Barbosa (Nelsinho do cavaquinho), Plauto Cruz (flauta) Antenor Senegaglia (violão 6 cordas), Arnaldo Loyo Bechelli (surdo), Ricardo Barros Bechelli (reco-reco) e eu, Aguinaldo Loyo Bechelli (pandeiro). Na fase posterior, entrou José Festa (trombone). Fiquei impressionado com os solos dele. Como eu estava solteiro, perguntei se ele não tinha uma filha disponível. Não. Mas tinha uma sobrinha. Casei com ela, sem ver, no escuro. Por sorte era jovem e muito bonita. E Zé Festa veio no pacote – kit de casamento. O grupo era coeso em face de nossa amizade. A gente se gostava um bocado!

 

No inesquecível Festival de Choro Brasileirinho, em 1977, da TV Bandeirantes, concorremos com os maiores nomes de choro do Brasil e tiramos em segundo lugar com o choro MEU PENSAMENTO, de Jessé Silva. Para se ter idéia do nível, o juri, presidido por Marcus Pereira, era composto por: Mozart de Araújo, Guerra Peixe, Herondino (Dino) Silva, Tárik de Souza, Maurício Kubrusly, Roberto Menescal, Cláudio Petráglia, Sérgio Cabral, José Ramos Tinhorão e Lúcio Rangel.

 

Em 1997 o LENHA DE CASA ganhou todos os prêmios no Segundo Festival de Choro de Diadema-SP. Melhor letra (minha). Melhor música (José Festa – nosso trombonista). Melhor solista (Plauto Cruz – nosso flautista).

 

Sempre estivemos entre os três primeiros colocados em outros festivais.

 

CARNAVALESCO,

tinha eu dez aninhos (1941), com fantasia de papel crepom, fui baliza do Bloco Carnavalesco AS GAROTAS DO AMOR, antecessor do BC FAVORITAS DO SULTÃO, no Bairro do Campo Grande (Rua Visconde de Cayru, esquina com Duque de Caxias) para desfilar no tradicional banho, em Santos, DONA DOROTÉIA VAMOS FURAR AQUELA ONDA? Várias pessoas de minha família também participaram, inclusive meu pai tocando banjo. Depois, mais crescidinho, saia na ala dos músicos tocando pandeiro.

 

O antológico BC AGORA VAI  nasceu na casa de minha avó, na rua Visconde de Cayru, 226, idéia do meu primo Alfredinho Villa Nova, Hugo Paulucci e Waldemar Noshese – o Ratinho. O entusiasmo logo foi levado para o Café D’Oeste, na Praça José Bonifácio, onde os boêmios se reuniam. E naquele ano mesmo – 1947, uma semana antes do Carnaval, o Bloco foi pra rua, cada um fantasiado na avacalhação que bolava e graças as roupas emprestadas das namoradas, primas e vizinhas. Eu tinha apenas 16 anos e sai de porta-estandarte. Ratinho, de baliza. Éramos muito bons de ginga.

 

Não sei porque, a nata de músicos, cantores, farristas, boêmios, concentrava-se nos bairros do Campo Grande e Marapé. Eu nasci no Marapé, na rua Carvalho de Mendonça, ao lado do Circo do Palhaço Espiga e mudei pro Campo Grande, onde passei a infância e adolescência.

 

MULTI-PERCUSSIONISTA

Meu segundo instrumento de percussão foi uma lata de marmelada com umas chapinhas de garrafas em cima para enfeitar o som. Eu devia ter uns cinco aninhos. Ainda no berço tive um chocalho que na certa em mim balançou remelexo de marcação. Minha mãe dizia ter eu a mania de acompanhar tudo: choro, samba, marcha, valsa, bolero, foxtrote. E vovó Maria Eugênia acrescentava: “Até discurso !”

 

Esperando o bonde, eu encostava no poste de ferro, oco, tirava um som menos estridente que de frigideira por ser moco. Perto do fá agudo.  E você pensava que poste era somente útil pra cachorro.

No Grupo Escolar, fui expulso da classe várias vezes, por encostar folha de caderno no friso da carteira e batucar. Dava um balanço escataquitiplac, parecendo caixeta. Ou com o lápis nos dentes, solava Tico-tico no fubá. A molecada aplaudia. Era a glória !

 

Cuíca eu fazia com lata vazia de balas rebuçadas marca Camões – aquele caolho. No lugar da vareta, um cipó.

 

Ainda menino, fiz tamborim com uma pele velha do banjo de meu pai, usando uma caixa de Goiabada Cascão. O samba lembra: “Goiabada Cascão / em caixa / é coisa fina, sinhá / que ninguém mais acha”. Não tinha tarraxas para esticar a pele. Afinava no fogo ou no bafo da boca, esfregando a pele com a palma da mão.

 

Meu primeiro instrumento de responsabilidade foi caixa clara. Há quem confunda caixa clara com rufo, que nas Escolas de Samba chamam de tarol. É a caixa clara e o grave bombardão (baixo tuba) que dão entusiasmo e alegria à banda marcial ou à fanfarra. Nas marchas de Carnaval cantadas por Joel de Almeida, encantam: “As águas vão rolar / garrafa cheia eu não quero ver sobrar / eu passo a mão na saca-saca, saca rolha / e bebo até me acabar.”

 

“Disfarcei-me de órfão”, infiltrei-me na Banda do Orfanato do Asilo Anália Franco de Santos, para poder tocar lá. Mas quando cheirei que podiam descobrir ter eu pai, mãe, queridos, saudáveis, tratei de cair fora, para evitar vexame e não constranger meus amiguinhos órfãos. Fui baixar noutras bandas. Toquei na dos Escoteiros. Logo fugi. Em dia de marcha, sem banda, eles queriam que eu também carregasse uma mochila cheia de não sei o quê, pra não sei quê lá.

 

Toquei tamborim na Escola de Samba X-9 e Escola de Samba Brasil, sempre em Santos. Inovei fazendo contratempo, batendo o tamborim no chão. Quer ver ?

 

Pandeirista de choro é bicho raro. Em São Paulo, só existem três completos, que sabem tudo. E sou o maior. Explico: Gentil tem1.70 m. de altura. Zequinha,1,68 m. E eu,1.80 m. Portanto…

 

Pandeirista  competente, acho que em face do ponto de equilíbrio rítmico requerido, é capaz de tocar surdo, tamborim, reco-reco, ganzá, etc. Já quem toca só tamborim ou outro instrumento de percussão, dificilmente ataca de pandeiro.

Convém registrar: pandeirista de pagode é “espião” no choro. Gago de compasso, vamos ser claros.

 

Não sou músico profissional, mas não gosto ser chamado de “amador.” É que “amador” tem senão. Ser tratado de “amador”, pode refletir qualificação superficial e dependendo da inflexão do crítico, é pichar de medíocre.

 

Com onze anos de idade, casualmente, conheci Pixinguinha em São Vicente, que foi visitar Peri Cunha, bandolinista que chegou a tocar com o Conjunto Oito Batutas de Pixinguinha. Peri viajou pelo Brasil acompanhando Noel Rosa, Francisco Alves, Lupicínio Rodrigues e excursionou ao exterior com Carmen Miranda.

Peri Cunha pediu que eu desse uma canja no pandeiro, no meio de um time só comparável àquela linha do Santos de Pelé. Parei de susto. O braço travou ao ver que Pixinguinha me observava. Menino,  tive receio e comoção. Eu era office-boy da Comissária de Despachos Barci e fui levar um quilo de café na casa do Peri, a pedido do despachante aduaneiro Domingos Pierry.

 

O Conjunto Oito Batutas (1918), de Pixinguinha, tinha um ganzá feito com cano de escapamento de carro. Peri Cunha herdou esse instrumento. Ele apreciava o meu balanço nos instrumentos de percussão, presenteou-me com esse ganzá. (1966). Duvida ? Posso mostrar.

 

Também toquei com Jacob do Bandolim em sua casa, em Jacarepaguá e outras vezes em Porto Alegre, com Jessé Silva, um dos melhores violões de todos os tempos, seis e sete cordas.  Jessé fez parte do Conjunto Época de Ouro de Jacob e era seu compadre.  Eu, compadre do Jessé. Participei de muitas tocatas com os principais nomes do choro e muitos sambistas famosos. A lista é expressiva, da qual muito me orgulho. Vá lá em casa que te mostro.

 

No padrão clássico, não menos popular, toquei com o consagrado pianista erudito, Arthur Moreira Lima, em apresentações públicas, com a Orquestra de Cordas – Sinfônica Juvenil, sob a regência do maestro Lutero Rodrigues, em 1990, na Semana Guiomar Novaes, composições de Radamés Gnattali – samba em três andamentos. Com o mesmo pianista, participei de outras apresentações informais.

 

Em shows públicos, no pandeiro, acompanhei a excepcional pianista Rosária Gatti, cujo balanço só é comparável à cadência da saudosa pianista Carolina Cardoso de Menezes.

 

Em Porto Alegre, no Teatro São Pedro, superlotado, com transmissão ao vivo pela Rádio Excelsior, solei na cuíca Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, com o Conjunto Lenha de Casa. Jessé Silva trocou a afinação do violão, parecendo viola nordestina. Um encanto!

Solo várias músicas na cuíca. Por exemplo, o choro Saxofone Porque Choras, do versátil Ratinho, da consagrada dupla com Jararaca. Este choro executei em terça com o banjo do Nelsinho.  Mas o que surpreendeu os desavisados foi a execução de Noturno, op. 9 n.2, em mi bemol maior, de Chopin. Parece chute.

Pra não mais falar desse instrumento mágico – a cuíca, cito que nele, praticamente sem nenhum recurso para tirar melodia, solei  o Hino Nacional, numa apresentação oficiosa, em Brasília, cuja platéia era a nata política – Governo Geisel. Sem engajamento, só fui lá para defender a injustiça que estavam fazendo com Peri Cunha. (Eraldin Fontoura Cunha).

 

No Brasil, que eu saiba, em todos os tempos,  somente três figuras na rara arte de tocar chapéu de palha, mais conhecida como palheta. Instrumento de percussão, principalmente nos sambas de breque. Três são saudosos, antológicos: Luís Barbosa, Dilermando Pinheiro e Joel de Almeida. O outro, mim, como diria índio.

 

Estou no LP “PRA ELA”. gravado em 1981,em Porto Alegre, com a marcha-rancho “Esfera da Vida”, letra de minha autoria.

Gravada pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.

Cantor: Alcides Gonçalves, autor da música.  Consagrado parceiro de Lupicínio Rodrigues.

Participei da gravação tocando caixa clara, ganzá e surdo.

 

Fui entrevistado por Julio Lerne, na TV Cultura, à frente do meu Conjunto de Choro Lenha de Casa. Entre outras músicas, tocamos CHORO PARA AGUINALDO, do grande flautista Plauto Cruz, com um breque marcante para meu solo no pandeiro.

Outra homenagem que me diz respeito, foi o magnífico choro que Plauto fez para o meu avô, também flautista – PRA JOÃO LOYO. Logo depois aconteceu um incêndio na TV Cultura e a  gravação foi perdida. Mas agora, milagre dos milagres, recebo por e-mail, do amigo Alex Mendes, bandolinista, essa relíquia, gravada por Raíssa Amaral.

 

Como pandeirista do Conjunto Lenha de Casa, estou nos três LPs editados por Bandeirantes Discos e um LP editado por Marcos Pereira Discos.

 

Convidado casual, em gravação ao vivo, toquei pandeiro na faixa 2, lado 1 – LP Sylvio Caldas em Pessoa.

 

Gravado em estúdio, o meu Conjunto Lenha de Casa tem prontas, mixadas, músicas para serem editadas, inclusive com Rosângela, minha filha e minha nora Julinha, cantando.

 

Enfim, o que mais me marcou como percussionista foram as tocatas informais em nossos quintais, em casas de amigos e apresentações beneficentes, onde eu fazia questão de comprar entrada, como simples espectador.

Desses memoráveis encontros, guardo inúmeras gravações em fitas cassete.

Elaborei script, apresentei e interpretei cantando e tocando pandeiro, palheta e caixa de fósforos, num show  para platéia seleta, com músicas  antológicas a partir de 1910, em homenagem a minha querida Tia Oneida, no seu 90. aniversário, em 25/11/2001.

Agradecimentos ao competente e inspirado violonista Jahyr Pavão que me acompanhou.

 

Em qualquer ambiente que entro, mesmo antes de tocar nos móveis, objetos, paredes, pressinto onde percute bom som para batucar. Às vezes, numa mesinha que ninguém da nada por ela, bato no tampo, soa aquele baixo profundo: bummm ! Aveludado.

 

No Show de Bolso, em comemoração ao aniversário de 50 anos de meu filho Ricardo (25.07.07), no meu quadro,  demonstrei que tudo tem ritmo: discurso, palmas no portão, ronco, apito de trem, balanço de trio: rodas, trilhos, dormentes. E no tampo de uma mesa comum, batuquei quinze ritmos diferentes: Atabaques do Candomblé  -Ron, Lê e Rumpí. / Tango. /  Bolero. / Rumba. / Foxtrote. / Valsa. / Polca. / Baião./ Frevo. / Choro. / Marcha-rancho. / Marcha. / Samba-canção. / Samba de morro. /  Samba de Carnaval. No final, ao mesmo tempo, batuquei cadência de samba, executando surdo, contra-surdo, tamborim e repenique. Dizem que parecia quatro pessoas tocando.

 

Com apito comum, solei Cidade Maravilhosa, de André Filho. E contei a origem do apito, introduzido nas Escolas de Samba por Herivelto Martins.

 

Estou trabalhando nos ensaios finais  do espetáculo “RECITAL NUM RECINTO”, no qual sou Autor / Roterista / Ator / Artista / Percussionista, num show de Músicas / Declamações / Causos pertinentes / Exibição de Percussão / “Canjas” / Apoteose surpreendente.

 

Em 17 de março deste ano (2012), organizei e apresentei inusitado espetáculo denominado SARAU ZINGAMOCHO. Foi um sucesso. Tanto a abertura como a apoteose, causaram surpresa, alegria e emoção.

Não vou citar aqui todos os músicos, compositores, cantores, com os quais participei em inúmeras tocatas e fiz amizade. É bastante gente de expressão, que os menos avisados até poderiam duvidar. Além disso, engordaria ainda mais esta entrevista, que me parece já estar cansativa para quem vai ler ou ouvir.

Por exemplo, foi marcante minha convivência com os amigos: Mauricy Moura, Lúcio Cardim, Lupicínio Rodrigues, Alcides Gonçalves, Silvio Caldas, Jorge Costa, Evaldo Gouveia, João Pacífico,  e os expoentes do choro. Para citar um terei que mencionar todos.

 

Mas já que vocês me perguntam sobre estes dois, respondo:

Primeiro conheci Alcides Gonçalves, através de Jessé Silva e Flavio Pinto Soares, lá em Porto Alegre. Logo depois, Alcides me apresentou o seu parceiro Lupicínio Rodrigues. Freqüentei a casa deles e ambos, em datas diferentes, foram meus hóspedes aqui em São Paulo, na rua Geórgia – Brooklin. Lupícinio, em sua casa, gostava de cozinhar pra gente galinha ao molho pardo, também chamada de cabidela. Numa noite, já tarde, depois da galinhada e muito vinho, íamos sair para o Bar Batelão. Lupicínio pediu que eu, Jessé e Peri Cunha empurrássemos seu carro. Já na rua, com o carro desligado, mandou que entrássemos. Ligou e o carro pegou. “Ué, Lupi, por que empurramos?” “’E que se eu ligo o carro lá dentro, a patroa acorda, pega o rolo de macarrão e eu não saio”. “Vem cá, ó Lupi, tu não vais me dizer que apanhas da tua mulher!” “Éh!! Eu apanho da mulher que amo.”

Além do Batelão, outro Bar boêmio que eu gostava de ir era o Adelaide’s. Baixava lá a nata da boemia.

Recomendei esse bar para meu amigo e compadre Antoninho França Pinto, que às vezes ia a Porto Alegre, a serviço. Antoninho foi. Lá estava Jessé Silva com seu violão, que a certa altura, pediu licença para declamar  poema meu, que dizia “Antoninho tome o meu pandeiro…”  Eu estava em São Paulo. Quando Jessé terminou, Antoninho que não conhecia Jessé e ali o estava vendo pela primeira vez, levantou-se e surpreendeu: “E você, Jessé,  sabe quem é esse Antoninho, sou eu.”

 

Minha casa era bem freqüentada por músicos, poetas, sambistas, escritores e artistas. Quando Lupi vinha, lotava. Ele não tinha voz de cantor, mas interpretava com tanto sentimento, esfregando as mãos em compasso lento, que todo se comoviam. Ele chegava a chorar.

 

Depois que Alcides Gonçalves se foi, escrevi um texto de fôlego em sua defesa e homenagem, pela injustiça, escandalosa mesmo, por omissão de seu nome em gravações de músicas em parceria com Lupicínio. Basta citar estas, antológicas: “ Quem há de Dizer”, “Maria Rosa” “ Cadeira Vazia”.

Lupicínio não sabia tocar nenhum instrumento, Já Alcides era pianista. E poucos sabem que Alcides era dotado de belíssima voz e fez dueto em várias gravações com o consagrado Rei da Voz Francisco Alves.

De certa feita, levei Alcides na Loja Del Vecchio, onde Evandro do Bandolim era gerente. Lá Alcides cantou, acompanhado por Rago, habitué da casa. Quando terminou, um cliente que assistia, cumprimentou-o: “Parabéns, o senhor canta muito bem. Se entrar num programa de calouros, ganha”.

 

RESPONDO QUANTOS INSTRUMENTOS TOCO.

Conforme o arranjo musical, já toquei em rodas de choro, de samba, serestas, saraus, bandas, feiras, blocos, ranchos, orquestras de baile, orquestra sinfônica, gravações diversas, festivais, rádio, televisão e muitos quintais:

 

OS QUE MAIS TOCO:

PANDEIRO / CUICA / TAMBORIM / SURDO  /  GANZÁ  /  RECO-RECO  /  PALHETA  /  TRIÂNGULO  /  CAIXA DE FÓSFORO  /  LÁPIS NOS DENTES  /  TIMBA  /  AGOGÔ  /  FRIGIDEIRA..

 

EVENTUAIS

CAIXA CLARA (RUFO / TAROL)  /  REPENIQUE  /  CAIXETA  /  AFOXÊ  /  MARACA (XIQUEXIQUE)  /  PRATOS DE METAL  /  PRATO DE LOUCA  /  BERIMBAU  /  ZABUMBA  /  BONGÔ  /  APITO  /  LIXAS  /  TAMBOR DE METAL  /  TAMPO DE MESA  /  CAIXA DE ENGRAXATE  /  PANO PARA LUSTRAR SAPATOS  /  MOEDAS  /  MOLHO DE CHAVES  /  PALMAS E DEDOS  /  O PRÓPRIO CORPO.

 

Concordo com o nosso consagrado escritor e crítico José Ramos Tinhorão quando se diz contrário a mecanização do choro. Já escrevi que não gosto de violão que dá choque e muito menos do teclado elétrico, piano besta,  que Tom Jobim pichou de aporrinhola.

Não acho que os festivais do gênero ocorrem para o renascimento ou descaracterização choro, porque o choro nunca morreu e sempre esteve muito bem caracterizado.

Luizinho 7 Cordas, disse: “Se você quiser saber onde tem choro, pergunte ao Aguinaldo. Ele viaja, vai ao fim do mundo, a qualquer lugar onde tenha choro”.

O choro sempre viveu e viverá bons momentos.

 

Logo depois que tomei a primeira sopinha de letras, ainda menino, comecei a escrever,. E desde o curso primário até o nível universitário, muitas vezes tirei nota boa sem dominar a matéria. Ganhava o professor pela bossa na escrita. Meu professor de português, Aguinaldo Paiva, do Colégio Tarquínio Silva, disse que a rigor eu deveria ser reprovado, mas me deu nota para passar, porque enrolei magnificamente.

 

Esta é a minha modesta trajetória literária:

 

1949/1951 – Publiquei textos no Jornal O TARQUINIANO, periódico do Colégio Tarquínio Silva, onde estudei, em Santos.

 

1963 – comecei a enviar para amigos xérox dos meus textos, formando expressivo grupo de leitores. Benevolente claque.

 

1977 – A TRIBUNA de Santos publicou poesia minha, com introdução do crítico literário João Christiano Maldonado.

Estou inserido na ANTOLOGIA POESIA DE SANTOS, de autoria do citado João Christiano Maldonado.

 

Em Jornais de bairros criei a coluna ZINGAMOCHO, colaborando naqueles periódicos de1978 a 1995. Depois, na Gazeta de Moema e Jornal de Santo Amaro.

 

Desde 2006 escrevo para REVISTA ELITE LUXURY – INTERNATIONAL.

Jornais de Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, já publicaram textos meus.

 

Zingamocho não é pseudônimo, heterônimo ou antonomásia. Serviu para intitular minha coluna, quando eu escrevia para jornais de bairros. Depois que inventei essa palavra, descobri que ela já existia. É ver no dicionário: “Remate de zimbório.” Fica-se na mesma. O dicionário me roubou para ensinar feio. Zingamocho  soa misterioso. Bateu nos meus ouvidos, vindo num balanço, como ginga ou preguiça. Êta palavra bonita! Versátil. Encantada. Chamativa. Se fosse ferramenta separaria cristais. Só mais tarde descobri ser também cata-vento, que meu pai tão bem fazia com cartolina e vareta de bambu.

 

LIVROS PUBLICADOS

LENHA DE CASA. (1962)

DE NATAL E DE TODOS OS DIAS. (1993)

NÓS E A CONSTITUIÇÀO. (1988)

MARACANAÚ – PERFIL CULTURAL . (1999)  (Com Ricardo B. Bechelli)

AMIGO, PELO MENOS UM AMIGO. (2001)

VERSOS VERSUS SOBREVIDA.

VERSOS DE ALGIVEIRA.

CAUSUS CAUSADOS – “CÓCEGAS NA INTELIGÊNCIA”

 

LIVROS PARA PUBLICAR

PACOTILHA – ENCARTE C/ 2 LIVROS: CRÔNICAS ENCADERNADAS E CADERNO BESTA.

SELEÇÃO DE POESIAS.

QUE AGUINALDO ISSO É AQUILO?

 

ENSAIOS E ARROJOS LITERÁRIOS

A MAIOR HERANÇA – ODE AOS MEUS ANTEPASSADOS.

E PRONTO. TÁ ACABA                                                                                      DO. – ODE AO TIO CATITA (abc).

BAGAGEM DE MÃO.

DIVAGAÇÕES.

CLUBE DOS MENTIROSOS DE SANTOS.

ARTEIRO FALANDO DE ARTE.

DECLARAÇÃO DE AFETO.

VIDA PAIXÃO E SORTE DE ANTONIO BASÍLIO DA SILVA – O MULA.

RESUMO HISTÓRICO SOBRE A CAPOEIRA – QUESTIONÁRIO.

CABRAL FILHO – O CANDIDATO.

ALMANAQUE DO BOI  – Folclore e Anedotário.

SHOW PARA TIA ONEIDA. –  SCRIPT E APRESENTAÇÃO. (Nos seus 90 anos)

ESTALOS – PENSADOR EM RASCUNHO.

PLÁGIO.

QUINTAL ZINGAMOCHO.

EXISTENCIAL – TRATADO ERRANTE.

CRÍTICAS SOBRE OS ARTÍSTAS PLÁSTICOS: MANOEL DO BOMFIM. / CARLOS MAGNO. / ÉLON BRASIL. / JOSÉ ZARAGOZA.

BIOGRAFIA DE JORGE MEDAUAR.

APRESENTAÇÃO DO RECITAL DE CHORO DA PIANISTA ROSÁRIA GATTI.

APRESENTAÇÃO SOBRE TRIBUTO A JACOB DO BANDOLIM, POR OCASIÃO  DE 25 ANOS DE SEU FALECIMENTO (1969/1994) – Teatro Municipal de Santos.

FOLHETO DE APRESENTAÇÃO: II FESTIVAL DE CHORO DE DIADEMA. (1977).

FOLHETO DE APRESENTAÇÃO: CONCERTO DO VIOLONISTA FRANCISCO ARAÚJO – OBRA DE DILERMANDO REIS. (1977).

SCRIPT E PARTICIPAÇÃO – “SHOW DE BOLSO PARA RICARDO – 50 ANOS”.

CAYMMI, DORIVAL.

DOMINGOS É FERIADO.

O RISO FAZ MAL À DOENÇA.

 

MONÓLOGOS – (EM VERSOS)

OS DOMINGUEIROS.

DESOVA.

PARA SER CHEFE.

É MINHA MÃE DIZENDO.

ELOGIO À DUREZA.

LUZ DE NATAL.

ODE AOS ANTEPASSADOS.

QUANDO EU ERA VIVO.

O TROMBADINHA.

 

CAPAS DE DISCOS – LPs E CDs – TEXTOS E LAY-OUT

VALSAS DE PERI CUNHA. (1979).

JESSÉ SILVA – CHORO, SAMBA, VALSA. (1988).

LETÍCIA CONCEIÇÃO – SUBLIMAÇÃO – MODINHAS. (1990).

JOSÉ FESTA – CHORO NO SERTÃO. (2001).

 

TÍTULOS

Troféu Super-Cap de Ouro – Melhor Cronista de São Paulo – 1984.

Diretor do Sindicato dos Escritores do Estado de S.Paulo.

 

MENÇÕES HONROSAS

Prefácio do livro  CAUSOS CAUSADOS – “CÓCEGAS NA INTELIGÊNCIA

Menções honrosas no mesmo livro.

 

Livro de contos “Viventes de Água Preta” de Jorge Medauar, a mim  dedicado.

 

O meu mais recente livro – CAUSOS CAUSADOS – “CÓCEGAS NA INTELIGÊNCIA”,  foi lançado na Livraria Martins Fontes, em São Paulo e em Santos na Livraria Realejo. Destaco o evento nesta livraria, com tocata de choro para deleite dos convidados. A receptividade foi ótima e, comovido, pude rever velhos amigos dos bancos escolares.

 

Letrista? Se me confesso poeta bissexto, Letrista “trissexto” sou.  Só coloquei letras em músicas porque meus amigos, compositores, impuseram-me suas inspiradas composições:  Alcides Gonçalves, consagrado parceiro de Lupicínio Rodrigues. Jessé Silva, exímio violonista popular e clássico. José Festa, o melhor trombonista de choro de todos os tempos. Plauto Cruz, flautista comovente, de altíssimo nível. José Luiz Nascimento, violonista, José Antônio Botelho – o Toni e Renato, meu filho, são os meus parceiros.

Vou citar somente os títulos das músicas. Transcrever as letras sem ouvir a música perde o encanto: RETALHOS / OUTRO MOMENTO / PLENITUDE / ESFERA DA VIDA / DEPOIS DE AMANHÃ / RENASCIMENTO / RETRATO DO INVISÍVEL / ABANDONO (Mote de DP) / SEM ADIAR / Várias sátiras e paródias.

 

COM LETRAS MINHAS, ESTOU NOS LPs.

 

Nós os Chorões (1978)

Letra: Abandono (Mote DP)

Música: Jessé Silva.

Cantora: Cléa Ramos c/ Conjunto de Porto Alegre

 

Sambas & Sambas (1980)

Letra: Abandono. (Mote DP)

Música: Jessé Silva.

Conjunto Musical de Porto Alegre.

 

Pra Ela (1981)

Letra: Esfera da Vida.

Música: Alcides Gonçalves (Consagrado parceiro de Lupicíno Rodrigues).

Cantor: Alcides Gonçalves.

OSPA – Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.

Toquei: Caixa clara, Ganzá e Surdo.

 

 

Choro, Samba, Valsa (1988)

3 Letras:  Abandono / Retalhos / Outro momento.

Músicas: Jessé Silva.

Cantor: Guilherme S. Braga c/ Conjunto Lenha de Casa.

 

Por Amor à Música (1999) – CD

2 Letras: Abandono / Outro Momento.

Músicas: Jessé Silva.

Cantora: Teka  -Terezinha Silva – filha do Jessé. Com Conjunto de Porto Alegre.

 

OUTRAS LETRAS, TOCADAS, MAS NÃQ GRAVADAS

Retrato do Invisível     -       Música de José Festa. (Festival de Diadema)

Sem Adiar                 -       Música de Renato Bechelli.

Plenitude                   -       Música de Plauto Cruz.

Depois de Amanhã      -       Música de Tony – José Antonio Botelho.

Sátiras e Paródias       -       Por exemplo: Du lemão à lemonada. /                                                 

                                        Nega Ingrata.

 

A minha  melhor letra  é a de fôrma. Tem também  a  outra,  mas está vencida.

 

Outra faceta?

Não sou crooner, mas também não cantor de banheiro. Sou mais intérprete, com afinação e ritmo.

Meu repertório não é pequeno, entre sambas, valsas, canções e músicas de Carnaval.

 

Solfejo assobiando ou imitando trombone, os mais importantes choros de compositores consagrados: Pixinguinha. Jacob do Bandolim. Chiquinha Gonzaga. Ernesto Nazareth. Garoto – Aníbal Augusto Sardinha.  Abel Ferreira. Waldyr Azevedo. Luiz Americano. Bonfiglio de Oliveira. Plauto Cruz. José Festa e meu avô João Loyo, entre outros.

Quanto ao original Clube do Mentirosos de Santos, com sede no bar do Beto, no Marapé, perto da Igreja São Judas Tadeu, foi fundado em Primeiro de Abril de 1985. Tomei conhecimento de sua existência aqui em São Paulo por volta de 1990. Liguei para o presidente desse Clube, o saudoso Celestino Perez Rufo, que logo me convidou para uma visita. Compareci dizendo ser meu irmão Arnaldo e não eu, que não pude ir. Eles prestaram uma sentida homenagem aqui ao “impostor”.  Logo depois fiz outra visita, como eu mesmo. Eles ficaram impressionados com a semelhança entre Arnaldo e eu. Depois de umas cachacinhas, confessei a farsa. E pela mentira, tão bem pregada, convidaram-me para ser Presidente de Honra do Clube do Mentirosos de Santos, com livro de ata e carteirinha.

Escrevi os estatutos do clube, publiquei crônicas alusivas e nas paredes colaram frases minhas sobre a mentira.

Infelizmente o Clube está meio apagado. Merece ser reerguido.

É importante citar que naqueles tempos, o pessoal era altamente prestativo, altruísta. Socorria os mais necessitados e nas vésperas de Natal fazia campanha, recolhia brinquedos para distribuir às crianças pobres.

Duas coisas marcavam o local: na árvore em frente, uma placa: “NÃO DÊ COMIDA PRO MACACO.”  No alto da árvore tinha um macaco de carro. Outra placa na rua, em frente: “CUIDADO ! TRAVESSIA DE BÊBADOS.”

 

No meu mais recente livro CAUSOS CAUSADOS – CÓCEGAS NA INTELIGÊNCIA, tem um capítulo sob o título “Auto-Entrevista”, no qual eu entrevisto a mim mesmo. Afinal, diz que melhor se conhece a pessoa pelas perguntas que faz do que pelas respostas que dá.

E para melhor conhecer todo meu bestialógico, tenho um livreto de 71 páginas, intitulado “OI, TENTA” – Ensaio de Autobiografia.

 

Em 25 de outubro do ano passado (2011) completei 80 anos. Considero-me um velho em folha. Se eu não quisesse envelhecer, teria morrido moço. Não perdi tempo tentando permanecer com 40 anos. No meu aniversário, não faço, desfaço anos. E agora, já não sei viver sem a minha companhia.

Cada um com seu cada qual, entre o sim, o não e o talvez.

Vocês, meus bons Marcelo e Luiz, não esperavam por esta filosofia de araque, de um jeito de viver.

 

Finalmente, quero enaltecer o desprendimento de vocês, meus bons Marcelo e Luiz,  nessa abnegada dedicação ao Clube do Choro de Santos.

Dez anos de existência do Clube não é nada, comparado com a qualidade dos momentos vividos que vocês proporcionaram. Isso não se conta de doze em doze meses. Apesar do valor eterno do choro, o que seria dele sem pessoas como vocês ? Aí, sim, poderia ficar de escanteio, como tantos expoentes ficaram em artes significativas. Essa preservação, meus caros, é tudo. E contem sempre comigo para qualquer colaboração. Estou distante fisicamente, mas não de alma. E querem saber mais? SOU UM SANTISTA PROSA.

 

 

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3 Comments Add Yours ↓

  1. 1

    Caramba! Isso é mais que entrevista, é uma biografia. Tá muito bom!!!
    Cado

  2. Ari Bechelli #
    2

    Excelente, só faltou falar da generosidade. Baitabracito (rsrs)
    Ari

  3. Valter Pereira #
    3

    MESTRE AGUINALDO QUE BENÇAO, CURTIR ESSA BELEZA DE ENTREVISTA, VER E OUVIR ESSE CHORO PARA AGUINALDO.PARABENS MEU IRMÃO.
    VALTER.



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