RSS

“AS 59 CORDAS DO COMPOSITOR E MULTIINSTRUMENTISTA RENATO ANESI”

Em show realizado no dia 09/06 no Teatro Guarany, em Santos, o artista encantou o público com músicas de raízes brasileiras e universais, acompanhado de seus 10 instrumentos de cordas: banjo tenor, banjo de cinco cordas, violão dinâmico, violão tenor, bandolim, cavaco, violão de aço, violão de nylon, requinto e viola caipira.

Estiveram presentes os diretores Luiz Pires, Luiz Fernando, Newton e Valdo. O show resumiu os mais de 30 anos dedicados por Anesi à música instrumental, numa viagem por dez instrumentos de cordas que somadas dão nome ao espetáculo.

Renato Anesi nasceu no Rio, em 1969, e cresceu ouvindo e tocando choros e sambas de Pixinguinha, Noel Rosa e outros mestres.

O projeto faz parte do Programa de Ação Cultural de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura e Governo do Estado de São Paulo.

No final da apresentação Renato Anesi nos recebeu para um rápido bate-papo.

CLUBE DO CHORO – De onde vem a musicalidade de sua família, de seu pai?

RENATO ANESI : A musica sempre foi importante tanto na família de minha mãe como na de meu pai. Minha tia materna era uma excelente pianista e a musica clássica veio então por aí, já meu pai foi inspirado a tocar cavaquinho aos 7 anos e trouxe pra minha vida o choro e as cordas. Desta mistura nasci.

CLUBE DO CHORO  – Quais foram suas influências musicais? Conte-nos sobre sua faceta rock and roll e jazz?

RENATO ANESI : Comecei a tocar aos 11 anos e o repertorio de choro me deu uma certa habilidade no violão, bandolim e cavaco, todos simultaneamente. Na adolescência formei uma banda de Rock e dali para o Blues e jazz foi um caminho natural na evolução do guitarrista que me tornei. Profissionalizei-me aos 16 anos como guitarrista na banda de Zé Geraldo. Mais tarde comecei a rever a importância da musica brasileira em minhas composições que sempre tiveram um molho de choro e outros ritmos nossos. Hoje trafego com propriedade por diversas linguagens, mas não fico me preocupando com definições do gênero que estou tocando ou de que forma estou mesclando, o principal, pra mim é a beleza.

CLUBE DO CHORO – Você nasceu no Rio e passou parte da infância em Petrópolis… freqüentou muitas rodas de choro ?

RENATO ANESI : Na verdade da infância só me lembro das rodas de musica que rolavam em festas na minha casa em Botafogo e em Petrópolis também. Comecei a ir a rodas de choro no Rio depois de adulto, e aí foram muitas noites com muita gente boa do choro.

CLUBE DO CHORO – E quando veio morar em São Paulo, tocou também em muitas rodas de choro?

RENATO ANESI : Eu toquei um pouco por aí, fiquei quase 3 anos tocando toda quinta-feira num bar chamado “Ó do Borogodó” em Sampa, tradicionalmente de samba e choro.

CLUBE DO CHORO – Você é um divulgador da sonoridade do violão tenor… como descobriu esse instrumento ?

RENATO ANESI : Meu pai já me falava dele quando eu era criança e chamava de Viola Americana. Algumas histórias do Garoto também aumentaram minha curiosidade até que fui a antiga “Casa Del Vecchio” e pelas mãos do Evandro do Bandolim comprei meu primeiro tenor dinâmico.

CLUBE DO CHORO – Você teve uma oficina de luthieria, passando a conhecer e restaurar muitos instrumentos de corda existentes no Brasil. Em que época foi isso, onde você aperfeiçoou essa arte? Essa experiência inspirou também o show 59 cordas?

RENATO ANESI : Eu trabalhei com isso de 1992 a 1997, não foi muito, mas durante esse tempo aprendi bastante e quando estive em Londres em 93 foi a uma escola de Luthieria aprender um pouco mais. Na verdade essa experiência passa de uma forma sutil para minha musica, talvez só eu mesmo possa identificar o meu próprio toque no instrumento, mas eu sempre regulo meus instrumentos pro meu jeito de tocar.

CLUBE DO CHORO – Você está fazendo uma releitura de clássicos do compositor Gilberto Gil?

RENATO ANESI : Esse trabalho já esta praticamente feito, precisa apenas ser gravado e produzido pra pôr no mundo de verdade.

CLUBE DO CHORO – Como você define seu estilo musical?

RENATO ANESI : Essa é a pergunta mais complexa de todas. Realmente não tenho uma resposta objetiva. Penso ser um compositor popular brasileiro na essência mais pura da palavra.

CLUBE DO CHORO – Qual a importância do gênero musical “choro” pra você?

RENATO ANESI : Através do choro eduquei muito meu ouvido para cadências harmônicas e melodias, a técnica no bandolim, cavaco e violão tenor também deve muito a ele. Como os instrumentos que toco são muito usados no choro, o repertório de alguns compositores é obrigatório no processo de aprendizagem, me influenciaram bastante. Entre eles destaco Garoto, Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo.


Your Comment