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MISCIGENAÇÃO CHORO E BLUES

imageMiscigenação, mistura de raças pelo casamento e coabitação. A mistura de índio, negro e branco forjou um ser hibrido que não era mais nenhuma das três raças. Se assim é com o ser humano, com a música foi o mesmo. A recriação do que veio do exterior, o abrasileiramento do qual resultou o choro, expressão musical mestiça do povo. Depois de uma monarquia escravocrata de 67 anos e seguida pelo regime republicano não houve alterações substantivas. O caldeamento racial, amplo e difuso, estimulou a pesquisa sobre as raízes do choro. Informalidade dos sentimentos coloquiais acontece em qualquer lugar fato que justifica e destaca o significativo valor do folclore. O choro acumulou e preservou características locais enriquecidas por sotaques, timbres e expressões peculiares. Guardadas as devidas proporções, no choro se concentra o requinte urbano, a música de câmera despojada da casaca.     

O choro surgiu como polca-lundu espontaneamente e, feito pelo povo! É música de diversos gêneros, andamentos e ritmos. Não há como se exigir essência de algo mutante por sua natureza intrínseca. O choro não é coeso, não obedece à lógica pré-estabelecida e, mesmo assim, não perdeu sua base. Iniciou-se com uma estrutura formal em três partes e com uma repetição em forma de rondó. Rondó do francês rondeau, uma poesia com estribilho, versos que se repetem. É enorme a influência do negro na música brasileira. Arrancado à força da África e como escravo viveu em contato estreito com a família brasileira onde recebeu e exerceu direta influência. A mãe preta criou estreito e indissociável elo cultural ao amamentar a criança branca. Foi o escravo que desnobilitou o trabalho e assumiu a vida doméstica brasileira.
Blues é uma derivação das canções de lamento da música popular negra que se estruturou em doze compassos com uma melodia formada de três frases de quatro compassos. As blue notes foram inovações do jazz ao bemolizar a terceira e sétima notas da escala diatônica. Nova Orleans foi o berço do jazz nas últimas décadas do século dezenove e era uma cidade livre e licenciosa, a única na América que, a partir de 1857 legalizou a prostituição. Os bordéis, casas de jogo, bares, botequins e toda espécie de espeluncas, concentradas no distrito Storyville. A cidade era alegre e tolerante com os casos de amor ilícito entre os senhores brancos com as negras. A cidade tornou-se um centro de fabricação de instrumentos de sopro, baratos e abundantes o que incrementou o interesse da população negra. Nova Orleans formou orquestras que se exibiam nas ruas, festas, saraus, excursões, barcos fluviais e cortejos fúnebres, isso sem contar à noite nas casas de prazer. Não havia música escrita e sim, tocada! A cada músico no conjunto era permitido seguir seu instinto desde que não perdesse contato com a estrutura rítmica e melódica fundamental.
O pensamento cria, o desejo atrai e a fé no trabalho realiza!
Sábado, 13 de setembro de 2014.
Mário Jequibau Albanese.image


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