Conheci seu Jamil na década de 80, quando ele morava na cidade de Avaré.
Lá ele era conhecido como “Capitão”. Realmente ele era capitão da PM e parente do mestre Dadinho do Bandolim.
Nessa ocasião foi o casamento da Leila, sua filha e fomos todos tocar na festa com o conjunto Flor Amorosa.
Eu, Dadinho, Jacarandá, Carlinhos, Moacir, Lutero e Guiomar.
No casamento conhecemos o seu Jamil que nos convidou a ir na casa dele. Uma casa muito bonita na cidade, e como ele era uma pessoa muito querida, não só na cidade, mas como com quase todos os músicos de choro de São Paulo, sua casa estava sempre recebendo os “chorões”. Entre eles, e baseado nas informações do Jamil, apareciam por lá: Izaías, Israel, Altamiro Carrilho, Ventura Ramires, Os Demônios da Garoa, entre outros.
Ele morava numa casa muito bonita e com um quintal muito grande. Numa parte do jardim, ele construiu uma sala enorme e que era, se não me falha a memória, de forma arredondada e com muitas janelas, o que fazia ser um ambiente bem ventilado e claro.
Nessa sala, ele recebia todos os músicos que apareciam. Tinha tudo que era instrumento: bandolins, cavaquinhos, violões, pandeiros, saxofones, clarinetes, entre outros que não lembro. Ele dizia que podia chegar qualquer amigo músico, que instrumento não faltava.
Seu Jamil era muito simpático e marcou minha memória musical afetiva porque fomos tão bem recebidos que não dava para esquecer aqueles momentos e deixar de prestar-lhe esta homenagem nestas poucas linhas.
“Seu Jamil! O senhor que reuniu tanta gente boa em sua casa e em sua vida, com certeza deve estar reunido agora com todos amigos que foram antes do combinado, como costuma dizer Rolando Boldrin. Descanse em paz!”
Jorge Maciel
Jornal – O IMPARCIAL – Presidente Prudente e região, 22 de julho de 2014
Jamil Caram, 88 anos, faleceu ontem, em São Paulo, e seu sepultamento se dará hoje, no Cemitério do Morumbi. Ele foi um violonista de destaque e atuante nas noites prudentinas em encontros com outros companheiros de sua geração. Caram faleceu no Hospital São Camilo e deixou viúva a senhora Joselina (Bili) e os filhos Cezário, Jamil Junior, Ana, Valéria e Fernando, além de netos e bisnetos.
Segue abaixo a matéria publicada no Jornal FOLHA DE SÃO PAULO sobre o falecimento do nosso amigo Jamil Caram
JAMIL JOSÉ RIBEIRO CARAM (1926-2014)
Tocou choro e incentivou artistas
Reunião de família na casa de Jamil Caram era certeza de muita cantoria. Além do patriarca, eram mais os cinco filhos e os 13 netos tocando algum instrumento musical.
A mulher, Bili, era a única que não se arriscava a tocar ou cantar, apesar de o primeiro presente que recebeu do marido ter sido um violino.
Autodidata, Jamil aprendeu violão de sete cordas, bandolim, cavaquinho e vários outros instrumentos.
Sua paixão era o choro. Aos finais de semana, reunia amigos e promessas do estilo musical para tocar e cantar –primeiro no interior de São Paulo, depois na capital paulista, para onde se mudou na década de 1990.
Aqui, participava todos os sábados na tradicional roda de choro da loja Contemporânea Instrumentos Musicais, no centro, para onde levou alguns anos atrás o então adolescente Yamandu Costa –até hoje grato a Jamil por ter lhe apresentado a outros artistas.
Ajudou a criar, nos anos 1970, um projeto do governo do Estado para divulgar a música brasileira. Um caminhão, que fazia as vezes de palco, levava cantores para se apresentarem pelas praças do interior aos finais de semana.
Havia mais de três décadas que sempre comemorava o aniversário com uma grande roda de choro. “Nesta festa tem mais músico que gente”, disse certa vez a cantora Dona Inah, ao perceber que, dos cerca de cem convidados, apenas uns 20 não tocavam nenhum instrumento.
Morreu na segunda (21), aos 87. Tinha problemas de coração e nos rins. Deixa Bili, os filhos e os netos –as filhas Ana e Valéria e a neta Bruna Caram são cantoras profissionais.
(ANDRESSA TAFFARELDE – SÃO PAULO)