Santos e Baixada Santista perderam ontem, dia 5 de maio, um de seus grandes músicos: Moacir Cardoso. Tinha uma facilidade muito grande para tocar seus instrumentos. Era um multiinstrumentista: Tocava violão de 6 e 7 cordas, flauta transversal, bandolim, cavaquinho, teclado e acordeon. Era natural de Iguape/SP, nascido no dia 8 de abril de 1929, Moacir estava radicado em Santos há muitos anos. Faleceu aos 85 anos sérios problemas de saúde. Tocamos juntos mais de 10 anos no Conjunto Flor Amorosa. Quando fundamos o grupo ele era chamado “pau pra toda obra”. Tocava flauta e, quando eu cantava, ele pegava o violão de 7 cordas e tocava com uma desenvoltura incrível. Tinha um ouvido absoluto. Muitas vezes afinava o violão sem afinador e quando íamos conferir estava certinho com o diapasão. Aquele Conjunto era formado por Dadinho do bandolim, Jorge Maciel no violão de 7 cordas, Abelar no violão de 6 cordas, Moacir Cardoso na flauta, Carlinhos no pandeiro e Jacarandá no cavaquinho. Essa foi a formação original do Conjunto que depois foi acrescido pelos cantores Lutero e a Guiomar. Era uma pessoa muito boa e não sabia dizer não a ninguém. Muitos o chamavam de professor Pardal, porque volta e meia vinha o Moacir com uma invenção sua, principalmente quando se tratava de algum objeto eletrônico. Captador para instrumentos, por exemplo. Muitas vezes ele fazia microfones para a flauta dele com tampa de caneta BIC. Funcionava que era uma maravilha…. Moacir participou dos Festivais Nacionais de Choro organizados pela TV Bandeirantes – o Brasileirinho e o Carinhoso, tendo composição selecionada e gravada. Na década de 70 esses festivais abriram novos horizontes para o choro, incentivando o surgimento de instrumentistas e compositores, reafirmando-o como ritmo nacional. Pois é! O Moacir vai deixar saudade a todos seus amigos e admiradores. Deus já está com ele com certeza.
Jorge Maciel Diretor Artístico do Clube do Choro de Santos
Grande Jorge Maciel, grato por contar um pouco a história de tantos músicos que temos, que tivemos e que ainda teremos. Registrar a história do cotidiano, onde tocou, com quem, é tudo muito valioso. Meus sentimentos…que o céu esteja mais musical a partir dessa data.
Você já viajou de trem alguma vez?
Numa viagem de trem podemos notar uma grande diversidade de situações, ao longo do percurso.
E a nossa existência terrena bem pode ser comparada a uma dessas viagens, mais ou menos longa.
Primeiro, porque é cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em algumas partidas.
Quando nascemos, entramos no trem e nos deparamos com algumas pessoas que desejamos que estejam sempre conosco: são nossos pais.
Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituíveis…
Mas isso não impede que durante a viagem outras pessoas especiais embarquem para seguir viagem conosco: são nossos irmãos, filhos, amigos, amores.
Algumas pessoas fazem dessa viagem um passeio. Outras encontrarão somente tristezas, e algumas circularão pelo trem, prontas a ajudar a quem precise.
Muitas descem e deixam saudades eternas… Outras passam de uma forma que, quando desocupam seu assento, ninguém percebe.
Curioso é constatar que alguns passageiros, que nos são caros, se acomodam em vagões distantes do nosso, o que não impede, é claro, que durante o percurso nos aproximemos deles e os abracemos, embora jamais possamos seguir juntos, porque haverá alguém ao seu lado ocupando aquele lugar.
Mas isso não importa, pois a viagem é cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas…
O importante, mesmo, é que façamos nossa viagem da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com os demais passageiros, vendo em cada um deles o que têm de melhor.
Devemos lembrar sempre que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e, provavelmente, precisemos entendê-los, porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, certamente, haverá alguém que nos entenda e atenda.
A grande diferença, afinal, é que no trem da vida jamais saberemos em qual parada teremos que descer, muito menos em que estação descerão nossos amores, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado.
É possível que quando tivermos que desembarcar, a saudade venha nos fazer companhia…
Porque não é fácil nos separar dos amigos, nem deixar que os filhos sigam viagem sozinhos. Com certeza será muito triste.
No entanto, em algum lugar há uma estação principal para onde todos seguirmos…
E quando chegar a hora do reencontro teremos grande emoção em poder abraçar nossos amores e matar a saudade que nos fez companhia por longo tempo…
Que a nossa breve viagem seja uma grande oportunidade de aprender e ensinar, entender e atender aqueles que viajam ao nosso lado, porque não foi o acaso que os colocou ali.
Que aprendamos a amar e a servir, compreender e perdoar, pois não sabemos quanto tempo ainda nos resta até a estação onde teremos que deixar o trem.
* * *
Se a sua viagem não está acontecendo exatamente como você esperava, dê a ela uma nova direção.
Se é verdade que você não pode mudar de vagão, é possível mudar a situação do seu vagão.
Observe a paisagem maravilhosa com que Deus enfeitou todo o trajeto…
Busque uma maneira de dar utilidade às horas. Preocupe-se com aqueles que seguem viagem ao seu lado…
Deixe de lado as queixas e faça algo para que a sua estrada fique marcada com rastros de luz…
Pense nisso… E, boa viagem!
(Autor Desconhecido)