“A arte existe,
para que a realidade
não nos destrua.”
(Nietzsche)
Conheci Paschoal Carlos Magno em 1967, quando de sua vinda a Santos para visitar parentes. Fui procurado por ele para que o ajudasse a realizar o V Festival Nacional de Teatro de Estudantes, no Rio de Janeiro. Quem representou Santos nesse evento, foi o Teatro Estudantil Vicente de Carvalho, com o espetáculo “Os Grandes Momentos de Gil Vicente”, uma coletânea de obras do dramaturgo português, elaborada e dirigida por Paulo Jordão.
Paschoal era carioca, nascido no bairro do Catete em 13 de janeiro de 1906. Se vivo, estaria completando 108 anos, mas faleceu em 24 de maio de 1980. Deixou um legado de realizações na área cultural, não suplantado até hoje por nenhum agitador cultural. Foi ator, poeta, dramaturgo e diplomata. Exerceu também a vereança no antigo Distrito Federal, e durante o governo de Juscelino Kubitschek, ocupou a função de Chefe de Gabinete. É também o grande responsável pela renovação do teatro brasileiro, entre outras coisas, pela criação da figura do diretor teatral no país.
Descendente de imigrantes italianos, estreou como ator em 1926 no espetáculo “Abat-Jour”. Em 1928 começou a exercer a crítica literária no “O Jornal”, ao tempo em que se formava em direito. Começa aí a sua campanha para a instituição da Casa do Estudante do Brasil, que foi inaugurada em 1937. Recebeu também a premiação da Academia Brasileira de Letras, por sua peça “Pierrot”. Outro texto seu, “Tomorrow Will Be Different”, foi encenada em Londres e outras cidades da Europa.
Em 1948 encena através do Teatro de Estudantes do Brasil, “Hamlet”, de William Shakespeare, onde revela para o Brasil o talento de Sergio Cardoso.
Em 1949 realiza o Festival Shakespeare onde são encenadas várias peças do bardo, e em 1952 concretiza extensa turnê com o Teatro de Estudantes do Brasil pela região norte do país. Inaugura também, em sua casa em Santa Tereza, o famoso Teatro Duse, que revelou autores como Antônio Callado e Rachel de Queiroz, além de lançar profissionalmente, a grande atriz Cacilda Becker. Realizou também, com muito esforço, sete Festivais Nacionais de Teatro de Estudantes. Encarregado por Juscelino para dinamizar o processo cultural brasileiro, realizou caravanas da cultura na procura de novos talentos, caravanas essas que desaguaram no I Festival Nacional de Teatro de Estudantes, realizado no Recife, com mais de 800 participantes. O II viria a ser realizado em Santos, onde revelou Plinio Marcos, José Celso Martinez Corrêa, Fernando Peixoto, Amir Haddad, entre outros. Um evento que contou com mais de 1.200 participantes.
Em 1964, o governo militar o afasta da diplomacia, e em 1965 cria a Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes, seu grande sonho de uma Universidade das Artes. Uma de suas últimas aventuras foi a Barca da Cultura, que percorreu o Rio São Francisco, de Pirapora a Juazeiro, onde participaram o Grupo Oficina e o Ballet Stagium, entre outros. Por tudo isso e muito mais obras realizadas, Paschoal Carlos Magno é um dos personagens de maior importância da cultura brasileira até os dias de hoje, e merece ser lembrado eternamente.
CARLOS PINTO
Jornalista
(11.01.14)
É muito bom poder contar com os artigos do
Carlos Pinto aqui no blog do Clube do Choro.
Muito bom mesmo. Manda brasa, mesmo porque
“a arte existe para que a realidade não nos
destrua”. Mais pura verdade. Meu velho amigo Carlos Pinto bem que você poderia escrever
algo sobre o quase desconhecido e riscado do mapa Bairro Chines.
Abraços
Renê
Ótima ideia René, concordo contigo, vamos solicitar ao Carlos Pinto pra fazer um belo artigo sobre o Bairro Chinês.