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ONDE ESTÃO OS CANTORES ?

Fico, às vezes, conversando cá com os meus botões, me pergunto, não consigo explicação e não encontro respostas. Afinal onde estão os cantores de verdade, por onde anda os cantores de ofício? Na era de ouro do rádio havia uma infinidade de grandes cantoras, estrelas de primeira grandeza, Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Elizete Cardoso, Aracy de Almeida, Marília Batista, Emilinha Borba, Marlene, as irmãs Batista, Zezé Gonzaga, Isaurinha Garcia, mais tarde, Leny Andrade, Alaíde Costa, Maysa, Elis Regina, Nana Caymmi e outras tantas.


Nessa época de grandes cantoras, em contrapartida, uma constelação de grandes cantores emocionava o País de norte a sul através das estações de rádio, principalmente da famosa Rádio Nacional que, por muitos anos, comandou a vida musical do Brasil. Esses cantores, através das ondas da Rádio Nacional, viajavam o País inteiro se apresentando em rádios locais, boates e Cassinos com enorme sucesso, movimentando a vida cultural de muitas cidades e envolvendo grandes multidões, tanto que um dos maiores cantores de todos os tempos do País, Orlando Silva, era chamado de O Cantor das Multidões.
Com tantas cantoras, verdadeiras divas da MPB, que brilhavam pelo País a fora, pode parecer até que os cantores ficavam em segundo plano, porém, isso não acontecia de maneira nenhuma, pois, a quantidade de cantores que, cantavam Brasil adentro, era muito significativa. Os grandes cantores de ofício, não compunham, eram somente cantores. Dentre esses grandes cantores estão: Francisco Alves, Orlando Silva, Silvio Caldas, Mario Reis, Cyro Monteiro, Déo, Gilberto Alves, Roberto Silva, Francisco Carlos, Nuno Roland, Maurici Moura, Solon Sales, Dick Farney, Lucio Alves, Tido Madi, Carlos Galhardo, João Dias, Agostinho dos Santos, Jorge Goulart, Cauby Peixoto, Augusto Calheiros, Vicente Celestino, Dilermando Pinheiro, Pery Ribeiro, Miltinho, Almir Ribeiro, Edson Lopes, Francisco Egídio, Germano Mathias, Paulo Marques, Caco Velho, Noite Ilustrada, Anísio Silva, Vassourinha, Joel de Almeida e muito, muito mais. Só para ficar por aqui.
Claro que alguns desses grandes cantores eram também compositores ou ainda o famoso “comprositor” que comprava parceria, principalmente de humildes compositores, prática essa comum na historia da musica popular brasileira, até os dias de hoje.
A profissão de cantor se inicia nos primeiros anos do século XX quando Frederico Figner, para abrir a Casa Edison, contrata os cantores, Cadete, Bahiano  e mais tarde Eduardo das Neves.
Para se ter uma idéia da pujança desses profissionais do canto, entre os anos de 1927 a 1930, Francisco Alves gravou cerca de 420 musicas, número esse equivalente, hoje, a 9 CDs por ano. Números impossíveis para o nosso tempo.
Em meados dos anos 50 surge ainda sem forma definitiva a tal Bossa Nova, movimento esse onde os compositores se tornam cantores da própria obra e essa onda vai desaguar nos famosos Festivais da Musica Popular Brasileira. Nesses festivais fica decretada a morte dos cantores de ofício, pois, os compositores se tornam cantores de suas musicas, Chico Buarque, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil e muitos outros. Surge aí a figura do compositor-cantor e, a bem da verdade, nem sempre com qualidade. Se, com a Bossa Nova os cantores da fase áurea do rádio quase desapareceram, pode-se afirmar, sem medo de errar que, os Festivais, enterraram de vez os cantores de ofício.
Neste início de século o panorama da Musica Popular endoidou de vez, pois, cantores já não existem mais e a cada dia surge uma nova cantora, muitas, é claro, sem qualidade nenhuma, valendo aqui, apenas um rostinho bonito ou, desculpem a má palavra, a bunda avantajada ou, na pior das hipóteses, apenas “cantoras” animadoras de auditório. A impressão que se tem, sem juízo de valor, é que a cada esquina do País tem uma cantora.
Pois é amigos, triste fim para os grandes cantores deste País. Lamentável. Um país que já produziu tantos cantores maravilhosos, conta hoje, com apenas dois ou três cantores de ofício. Muito triste.


1 Comments Add Yours ↓

  1. João Aparecido Barra #
    1

    gostaria muito se as rádios tocassem músicas a partir de 1958, até a década de 80,somente assim a juventude de hoje poderia ver o que é letra. música e interpretação…mas sei que é utopia…vou morrer e não verei isso, infelizmente.
    triste fim está levando nossa tão valorosa capacidade musical. E não é so no Brasil não, a decadência musical é mundial…Infelizmente.
    Um abraço a todos.



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