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HINO DO NATAL BRASILEIRO

Nascido na Bahia, talvez em Salvador, não chega a conviver com os pais. Acreditava ter sido roubado e entregue a uma família de outra cidade, que lhe deu condição de ter uma boa educação. Aprende um ofício e vai trabalhar como protético no Rio de Janeiro. Também se torna compositor dos bons e de grandes sucessos. Instável e angustiado, tenta se matar pela primeira vez cortando os pulsos, mas fracassa.

 

Num dia 13 de maio, data que marca a libertação dos escravos, o negro Assis Valente se atira do morro do Corcovado. Mas não morre na queda. Para nova frustração, fica enganchado numa árvore. Recuperado após uma temporada hospitalar, aproveita essa segunda tentativa de suicídio para compor um samba autocrítico cheio de ironia: Fez Bobagem.

Caetano Veloso incomodou a censura ditatorial e o público mais conservador por cantar em programa de tevê uma música de Assis Valente enquanto apontava um revólver para a cabeça. Recusaram e não entenderam uma referência tão imediata e intimamente relacionada à vida depressiva de seu conterrâneo. A aparência parece sempre enganar.

 

Na imagem, logo abaixo, o sorriso aberto de Assis Valente se equivale com o de Carmen Miranda e contrasta com a seriedade de Dorival Caymmi. Tudo terminou ao contrário da expressão desses rostos. Carmen faleceu jovem, pelo consumo excessivo de medicamentos.

Assis finalmente se matou ao 47 anos quando tomou formicida com guaraná. Já o tranquilo Caymmi viveu longamente e morreu em paz. Trilha sonora de época natalina teima em vir composta por contribuições gringas, como Jingle Bells, White Christmas, Jingle Bell Rock e Happy Xmas.

A contribuição de hoje é feita em casa. É desse homem de espírito perturbado a canção considerada como o hino do Natal brasileiro. Em país rico, todo mundo é filho de Papai Noel. Em país pobre ou emergente, Papai Noel é bem mais seletivo.

Neste sábado , há um presente à sua espera junto à árvore de Natal. Abra pois contém coisa boa. Os Novos Baianos cantam Assis Valente.


 

Um abraço do Zé do Camarim.


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