“O SAMBA PRA SER SAMBA BRASILEIRO TEM QUE TER PANDEIRO, TEM QUE TER PANDEIRO, O SAMBA PRA SER SAMBA NA BATATA, TEM QUE TER MULATA, TEM QUE TER MULATA”
(Túlio Piva)
Até hoje existe uma série de discussões a respeito de suas origens, mas, sem querer estabelecer polêmica, na minha modesta opinião, veio da Bahia para se desenvolver no Rio de Janeiro.
Começou a dar os primeiros passos em casa de Tia Ciata e depois foi parar no Estácio, onde, efetivamente, veio à luz.
A expressão varia de outra, “Semba”, palavra da raiz africana, derivada da “Umbigada” ou “Bate-barriga”.
Mas a despeito de origens e nomenclaturas, o Samba é brasileiro e fim-de-papo. Filho legítimo do Choro, do Maxixe e do Batuque, o Samba, depois de vencer muitos preconceitos, acabou por ter seu dia, com absoluta justiça. Dia 2 de dezembro comemora-se em todo o território nacional o “Dia Nacional do Samba”.
Foi instituído, a principio e sem grandes alardes, na década de 40 pela câmara de vereadores de Salvador tendo como inspirador o compositor Ary Barroso quando visitou a Boa Terra. Em 1939 Ary compunha o clássico “Aquarela do Brasil”; antes, porém, em 1938, compusera “Na baixa do sapateiro” homenageando a Bahia, embora, até aquela altura, sem conhecê-la.
Tempos depois, na década de 60, o nobre deputado cearense – já radicado no Rio de Janeiro – Anésio Frota Aguiar apresentou à Assembléia Legislativa carioca o Projeto de Lei n. 681, que, uma vez aprovado, transformou-se na Lei n. 554 de 28 de julho de 1964.
Em especial, na nossa cidade é comemorado há muitos anos sob o comando do Marechal do Samba J. Muniz Jr. – jornalista, escritor, destacado memorialista e particular amigo de Frota – que o introduziu e, desde então, comemora com todos os paramentos, paetés, panos, mangas e patentes, a princípio, na quadra da “Pioneira” X-9 e de uns tempos pra cá nas ruínas do Quilombo do Pai Filipe, na antiga garagem dos bondes, atual sede da CET na Vila Mathias.
Ali, no início do Século XX, o primeiro rei batuqueiro santista – assim como Tia Ciata no Rio – realizava os encontros. Cumpre destacar também que a data foi oficializada em Santos por iniciativa do sambista Luiz Otávio de Brito, o Lorde Sambão.
Coube ao então vereador Adelino Rodrigues, a 22 de novembro de 1983, encaminhar projeto de lei à Câmara Municipal o qual foi aprovado e sancionado pelo prefeito Paulo Gomes Barbosa por força da Lei n. 4.581. Há alguns anos, infelizmente, no território do seu maior esplendor, a “Avenida Colorida”, o Samba, para muitos, virou um negócio altamente rentável que sustenta muita gente, aliás, diga-se de passagem, que não tem nada a ver com a “instituição”, muito menos com sua essência.
Dentre muitos intrusos, o sambeiro é o maior exemplo, tirou do verdadeiro sambista o privilégio de defender o pavilhão de sua escola do coração.
“Chora meu peito, assim desse jeito pra que cantar, enquanto a Avenida estiver fechada pra quem não puder pagar nem um canto sequer pra ver a sua escola, cantando, sambando, tanta beleza desfila presa no meu coração”…! (Elton Medeiros – Cristóvão Bastos – Antonio Valente).
Mas tudo bem, hoje em dia como comércio ou negócio, pouco importa, o Samba, definitivamente, tem seu dia e Santos comemora com absoluto respeito às suas tradições. Vamos, então, saudá-lo com toda a intensidade. Viva o Dia Nacional do Samba, sintam-se homenageados seus verdadeiros baluartes, aplausos e mais aplausos aos magníficos sambistas brasileiros…!
Texto – Marcello Laranja