Espetáculo Musical Femininas - um portrait de la femme brésilienne
Fotografia: Luiz Fernando Costa Ortiz.
ENTREVISTA – 1ª Parte
Gente, nossa entrevistada é santista de nascimento, pedagoga, cantora, bailarina e atriz. Formou-se em piano pelo Conservatório Heitor Villa Lobos e em ballet clássico pelo Conservatório Musical de Santos.
Aperfeiçoou canto com Lucimar Padron, dança com Valderez Zani e Roseli Rodrigues e teatro com Neyde Veneziano.
Com vocês, ELAINE LOPES…!
MARCELLO: Olá Elaine, tudo bem com você…? Prazer muito grande para nós do Clube do Choro de Santos tê-la aqui para um bate-papo sobre sua vida e sua carreira…! Quando a arte pintou na sua vida, em que momento você percebeu que era uma artista…!
ELAINE: Olá Marcelo, o prazer é todo meu. Bom, desde pequena sempre estudei dança e piano. Profissionalizei-me como bailarina aos 18 anos e com o tempo a música e o teatro vieram complementar o meu trabalho.
MARCELLO: Você vive em Toulouse, no sul da França, desde 2004, onde realiza seu trabalho e mostra seu talento. Aliás, segundo a história, Toulouse é a cidade onde nasceu Charles Romuald Gardés, mais conhecido como Carlos Gardel…! Como é para uma santista viver na Europa…! É legal, você se adaptou com facilidade ou foi difícil…!
ELAINE: Eu gosto muito de morar em Toulouse, é uma cidade universitária, cheia de jovens e com uma linda arquitetura. Eu me adaptei com muita facilidade, adoro a língua francesa e aprendi com o tempo a aceitar as diferenças de cultura e mentalidade.
MARCELLO: Além de tudo, você também divulga a cultura e as tradições brasileiras, certo…? Como é a receptividade do europeu, em especial do francês, é boa, eles gostam dessa coisa da brasilidade, da brasileirice…?
ELAINE: Sim, eu trabalho com a cultura brasileira, ministrando aulas de danças e canto brasileiro e também através da música e de espetáculos como o “Femininas” que retrata a mulher brasileira. Procuro sempre além do repertório brasileiro, inserir em meus espetáculos textos de autores brasileiros, traduzidos para o francês. O público francês é muito receptivo, eles adoram tudo que vem da América Latina em Geral.
MARCELLO: E agora voltando à terra natal como você se sente, dá aquele chamado “friozinho na barriga” ou você lida bem com isso e não há nenhum tipo de problema…!
ELAINE: É sempre um prazer retornar a Santos, rever os amigos e a família, mas desta vez será especial, pelo fato de poder dividir este espetáculo “Femininas”, concebido inicialmente para o público francês, com os Santistas.
MARCELLO: Fale alguma coisa a respeito do grupo “COM AÇÚCAR, COM AFETO” que prioriza muito a obra de magníficos compositores brasileiros, dentre eles, Chico Buarque, Guinga, Caymmi e outros…!
ELAINE: Com Açúcar, Com Afeto, é um projeto que desenvolvo com o músico franco-alemão Olivier Lob, onde interpretamos canções de grandes compositores brasileiros.Estamos atualmente trabalhando no projeto de um show em homenagem a Dorival Caymmi, o poeta do mar e Chico Buarque, o poeta da cidade.
MARCELLO: Para finalizar, minha cara Elaine, e o Choro, você chegou a mostrar ou fazer algum trabalho a respeito…? Sabemos que existe o Clube do Choro em Paris…!
ELAINE: Sim, em Toulouse temos a Casa de Choro de Toulouse, onde a coordenação musical e artística é do próprio Olivier Lob. O grupo se reúne uma vez por semana para estudar um repertório de choros, maxixes, polcas…Na segunda quinzena de maio Olivier está organizando um intercambio entre músicos franceses e a Escola Portátil no Rio de Janeiro.
Em ocasiões especiais eu me junto ao grupo para interpretar algumas canções.
MARCELLO: Perfeito Elaine, muito obrigado pela atenção e pela amabilidade em nos conceder esta entrevista. Beijos pra você e seja sempre muito bem-vinda a terra…
ELAINE: Obrigada vocês pela oportunidade
ENTREVISTA – 2ª Parte
Na primeira parte da entrevista Marcello Laranja conversou com Elaine. Na seqüência, tive o prazer de conversar com OLIVIER LOB…
Olivier Lob é um músico apaixonado pela música brasileira. Nascido na Alemanha, descobriu cedo o Jazz. Aos 23 anos no Conservatório de Amsterdam (Países Baixos) começou a estudar violão e pedagogia musical.
Em 2006 lançou em Paris interessante projeto artístico que possibilita a troca de informações e a colaboração entre músicos profissionais e amadores, o qual ficou conhecido como: “Casa de Choro de Toulouse”.
No dia 7 de maio, esse talentoso violonista franco-alemão esteve em Santos apresentando-se no Teatro Guarany ao lado da cantora Elaine Lopes no show “Femininas”.
Presentes, representando o Clube do Choro de Santos se encontravam os diretores Luiz Pires e Luiz Fernando Costa Ortiz.
Luiz Pires: Olivier, muita gente na Europa ainda confunde a cultura brasileira com a dos demais países sul-americanos. Ainda é comum a noção de que o espanhol é a língua falada no Brasil e que a salsa é o gênero mais popular do país?
Olivier – O trabalho que faço é exatamente esse, fazer com que os franceses descubram o verdadeiro Brasil através da música e demais manifestações artísticas.
Luiz Pires: Quando você começou a se envolver com a música brasileira?
Olivier -Foi através de um show do João Bosco que vi em Miami e partir deste momento, me apaixonei por música brasileira e comecei a pesquisar e estudar vários estilos de música brasileira.
Luiz Pires: Em seu trabalho atual você utiliza instrumentos típicos dos gêneros “Choro” e “Samba”, como violão 7 cordas e cavaquinho… Quem e quais são suas referências tanto nestes estilos musicais, quanto nestes instrumentos?
Olivier -Poderia falar de muitos como por exemplo: Dino , Raphael Rabello, Maurício Carrilho, Marcelo Gonçalves, Luis Otávio Braga entre muitos outros.
Luiz Pires: Na França existem conselhos reguladores da profissão de músico como a Ordem dos Músicos? Como são arrecadados os direitos autorais?
Olivier – Na França os músicos recebem uma ajuda do Estado, quando podem provar que fizeram um certo número de datas durante o ano.E em relação aos direitos autorais, temos a SACEM.
Luiz Pires: O Dominic Miller, guitarrista do Sting e que trabalhou também com Phil Collins, estudou com o Turíbio Santos (importante violonista erudito nascido em São Luís do Maranhão, em 1943, e radicado no Rio de Janeiro; fundou a Orquestra Brasileira de Violões). É muito freqüente o intercâmbio entre instrumentistas estrangeiros e brasileiros?
Olivier – Sim, o intercâmbio ainda é a melhor forma de se aprimorar, quando queremos avançar no nosso trabalho de músico.
Luiz Pires: Você é o Diretor Artístico da Casa de Choro de Toulouse né… ? Como funciona este projeto, e fale-nos também sobre o Clube do Choro de Paris? Existem outras associações que divulgam a música brasileira em Paris?
Olivier – É um projeto aberto a todos os músicos, amadores e profissionais que são apaixonados por esse gênero de música, onde organizamos rodas, ensaios, oficinas e apresentações. Além do Clube de Choro de Paris, por toda França, existem estruturas que divulgam o choro e a música brasileira em geral.
Luiz Pires: Você acredita que a cidade de Santos/SP tem potencial para acolher uma Mostra Internacional de Choro?
Olivier – Claro que sim, e eu ficaria muito honrado em participar.
Presentes, representando o Clube do Choro de Santos se encontravam os diretores Luiz Pires e Luiz Fernando Costa Ortiz.
Agradecimentos: Rosy Padron e Produtora Avanço.