RSS

Paulinho Boca de Cantor

De Caixa suspensa

Paulinho Boca de Cantor, dos Novos Baianos, fez um pocket show neste dia 6/12 (seg) às 20 h, na Estação Cidadania, em Santos, como parte do projeto “Música de São Paulo – da Catira ao Rap”.

Idealizado pelo músico e produtor musical Betão Aguiar e pelo compositor e cantor Paulinho Boca de Cantor, realiza um mapeamento da produção musical de São Paulo, que conta histórias, resgata e registra os momentos musicais marcantes do estado. Por meio de um levantamento circunstanciado, expressa a brasilidade e a pluralidade contida na musica paulista, para que novas gerações se apropriem e desfrutem desses conhecimentos.

Antes do espetáculo Paulinho recebeu os diretores Marcello Laranja, Luiz Pires, Ademir Soares e Luiz Fernando Costa Ortiz do Clube do Choro de Santos.

Sobre Paulinho Boca de Cantor:

Paulo Roberto Figueiredo de Oliveira, mais conhecido por Paulinho Boca de Cantor (Santa Inês, Bahia, 28 de junho de 1946) é um cantor e compositor brasileiro. Foi um dos membros fundadores do grupo de MPB Novos Baianos, que durou de 1969 a 1979.
Novos Baianos

Paulo começou como crooner do grupo Orquestra Avanço, que atuava em Salvador e no interior da Bahia. Em 1969, fundou, ao lado de Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Luiz Galvão e Moraes Moreira, e, o grupo Novos Baianos. Era um dos principais compositores do grupo, ao lado de Luiz Galvão. Junto com o grupo, lançou 10 álbuns de estúdio, entre eles o premiado Acabou Chorare, considerado o melhor álbum brasileiro da história. Criou em 1976 o “Trio Elétrico dos Novos Baianos”, e colocou o som vocal pela primeira vez nos trios elétricos, o que se tornou obrigatório até os dias de hoje. Em 1979, com o fim do grupo, começou sua carreira solo.
Carreira Solo

Seu primeiro álbum solo tinha o título de Paulinho Boca de Cantor – Bom de Chinfra e Bom de Amor pela CBS, e tinha destaque pela parceria com Gilberto Gil e Luiz Galvão na faixa “Que bom prato é vatapá”. Em 1981, consolidou sua carreira solo ao lançar Valeu, um dos álbuns de produção independente mais vendidos no Brasil. Em 1983 se apresentou em Roma, no espetáculo Bahia de Todos os Sambas, ao lado de nomes como Gal Costa, Caetano Veloso e João Gilberto gravando posteriormente outros trabalhos.
Em 1992 fundou a ABAI, Associação Bahiana de Artistas Independentes. Em 1997 reuniu os Novos Baianos e lançou o disco Infinito Circular, pela Som Livre. Fez também algumas apresentações ao vivo com a banda, incluindo a “Noite Brasileira” no Festival de Montreux, Suíça.
Em 2000, tornou-se pesquisador da história da música brasileira. Em 2008 gravou um especial para a TVE – Bahia.
Fonte: Wikipédia.

Sobre a Estação Cidadania:

A antiga Estação Ferroviária Sorocabana – Avenida Ana Costa, 340, confluência com a Avenida Francisco Glicério, importante marco do desenvolvimento da Cidade tombado pelo Condepasa, tem agora outro nome: Estação da Cidadania de Santos.

A Estação da Cidadania abriga o Fórum da Cidadania-Concidadania, proporcionando e fomentando a prática da cidadania e um posto de informações da Prefeitura Municipal de Santos para divulgar e orientar a população dos seus serviços públicos.

Sobre o Forum da Cidadania de Santos:

O Forum da Cidadania de Santos é uma instância de caráter plural, democrático, suprapartidário e sem finalidade lucrativa. Constituiu-se em um espaço de reflexão e ação que integra entidades e cidadãos santistas e de municípios vizinhos com a finalidade de ampliar as responsabilidades de participação coletiva e organizada da Sociedade Civil, especialmente no que se refere à defesa do interesse público e na promoção de uma cidadania ativa e solidária.

O Fórum da Cidadania de Santos surge em março de 2002, como decorrência do evento “Semana da Cidadania”, organizado anualmente pelo Sesc desde 1997, em parceria com várias entidades civis, sendo o Clube do Choro de Santos uma destas entidades participantes.

Agradecimentos:

Agradecemos a Uriel Villas Boas, Coordenador do Forum da Cidadania, a Célio Nori e ao Professor Paulo Renato Alves, que viabilizaram a realização de entrevista com o cantor e compositor “Paulinho Boca de Cantor” .

MARCELLO: Não dá para entrevistá-lo sem falar nos Novos Baianos, um grupo que marcou época naquele início dos anos 70…! Lembro-me muito bem, foi um marco na ocasião e mexeu com a galera pois vocês vieram com um som diferente, com base forte no choro e no samba. É isso mesmo…? Fale alguma a respeito.

PAULINHO BOCA DE CANTOR: Sim Novos Baianos foi sem duvida um marco na MPB. Vivemos um tempo de repressão mas conseguimos fazer o Brasil sorrir novamente e confiar na sua vocação para a felicidade. Acabou Chorare um disco importante para a MPB, (eleito o melhor feito no Brasil em todos o tempos- Revista Rolling Stone out 2007) mas acima de tudo uma manhã linda na vida brasileira. ” acabou chorare, ficou tudo lindo, de manhã cedinho….”

MARCELLO: Foi, sem dúvida, o grande “bilhete de identidade” de todos vocês, Pepeu, Baby, Moraes, Galvão, você…! Como foi isso…!

PAULINHO BOCA DE CANTOR: Temos nossas carreiras solo consolidadas mas o trabalho foi tão marcante que não passamos um dia de nossas vidas sem falar de Novos Baianos. E a saga continua: todos os filhos são músicos e de uma certa maneira dão seqüência ao trabalho. Fora que o repertório do grupo que é atemporal, atual, nos obriga a cantar as musicas  nos shows, sempre.

MARCELLO: Paulinho, conte-nos algo a respeito daquela “literal comunidade” em que vocês viviam fazendo música e jogando bola…! Era a maior curtição, não era…?

PAULINHO BOCA DE CANTOR: Nada programado, quando nos demos conta reinventamos a familia, nos dávamos muito bem, queríamos a mesma coisa e por isso mesmo vivemos momentos de extrema felicidade. Mas o mais importante é que aprendemos juntos a nos melhorarmos a cada dia…. esse sim foi o grande ensinamento da vida em comunidade. Fora que o som ficou de um jeito singular, original e com certeza o fato de morarmos juntos foi responsável por isso.

MARCELLO: Agora conte-nos como surgiu o nome artístico “Paulinho Boca de Cantor”…! Quem foi que o batizou…!

PAULINHO BOCA DE CANTOR: Na minha Bahia todo mundo tem apelido, e se não tem a gente arranja um…. no meu caso é interessante e vem de antes dos Novos Baianos. Comecei como crooner de orquestra de baile em Salvador e num dos descansos dos ensaios, embaixo de uma arvore passou um conhecido e fez uma brincadeira com um cachorro que se espreguiçava do meu lado, também na sombra…. o cachorro abriu a boca, bocejando e o André, esse amigo, disse: “King boca de pantera, do lado de Paulinho Boca de Cantor”, nunca mais deixaram de me chamar assim e carrego esse nome com muito orgulho, afinal sou e sempre fui o Boca de Cantor, embalando sua festa, fazendo a alegria por onde passo com  meu canto.

MARCELLO: O LP “Acabou Chorare” foi o melhor disco gravado pelos Novos Baianos…? Hoje podemos considerá-lo um “cult”…? Até onde sei, trata-se de um disco muito procurado mesmo pela galera que não curtiu vocês na época. A Revista Rolling Stone o classificou como o melhor disco já gravado no Brasil e um dos 100 melhores da história da fonografia mundial. Fale algo a respeito…!

PAULINHO BOCA DE CANTOR: O Acabou Chorare trás o momento de extrema felicidade dos Novos Baianos e modestia a parte, acho merecido o premio dado a ele, pois ali está o melhor de nós todos, vidas dedicadas a fazer o melhor por nossa música, sem esperarmos nada em troca. Mesmo com sucesso de público e de vendas sempre foi difícil vivermos da nossa arte enquanto juntos, pois o coletivo falava mais alto, aprendemos a cuidar do próximo como se fosse a nós mesmos, isso é que fez  diferença. A preciosa execução das músicas que sempre mereceu elogios com certeza é pelo fato de estarmos juntos e nos ajudando mutuamente, esse é o segredo de até hoje o disco ser novo e cultuado por novas gerações.

MARCELLO: Bom Paulinho, você veio a Santos pra mostrar esse novo trabalho sobre a “Música de São Paulo”, onde você passa por todos os movimentos, desde o início com a música caipira até os dias de hoje. É uma palestra musicada, certo…? Você pretende gravar um DVD…? Trace para nós um panorama sobre o espetáculo…!

PAULINHO BOCA DE CANTOR: Além de me apresentar em shows por todo Brasil e também no exterior, desde sempre, com Novos Baianos e depois com minha carreira solo, sempre fui um apaixonado pela origem da nossa musicalidade.Tenho feito alguns trabalhos buscando mostrar a novos talentos o que foi expresso na nossa musica, dando setas para não nos perdermos com as informações globalizadas e mantermos acesa nossa identidade musical. Afinal  a música e o músico brasileiros sãp respeitados em todo mundo, não precisamos imitar ninguém. Fora que nossa musica é alegre e contagiaste e o mundo precisa e quer ver mais da gente. Por isso já fiz com a musica baiana (Do lundu ao Axé) e agora fui solicitado pelo meu filho Betão Aguiar,  musico e produtor musical, que é paulistano, para que fizéssemos juntos um olhar sobre a produção musical de SP e é o que estamos apresentando agora – Musica de Sp da Catira ao Rap-. Um panorama da rica música paulista que estamos disponibilizando através do site www.musicadesaopaulo.com.br para que todos tenham acesso a esses conhecimentos, a essa história. Além do site estamos visitando escolas e centros culturais apresentando uma oficina, uma aula-show com os melhores momentos da produção musical de SP.  Ano que vem faremos um show com as musicas selecionadas que contará com a participação de artistas paulistas de renome e disponibilizaremos também o resultado desse estudo em CD e DVD.

LUIZ PIRES: Você fundou a “Associação Bahiana dos Artistas Independentes” em 1992 junto com Edil Pacheco assegurando a participação dos artistas independentes no carnaval de Salvador. O que mudou de lá pra cá ? Qual a tua avaliação do atual modelo do carnaval ?

PAULINHO BOCA DE CANTOR: Achamos que unidos poderíamos lutar contra a descaracterização do Carnaval enquanto manifestação popular espontânea, mas a grana sempre fala mais alto. O Carnaval ficou entregue aos blocos, que são clubes fechados tomando o espaço do folião “pipoca” aquele que brinca espontaneamente nas ruas e o que é melhor sem ter que pagar nada, como sempre foi. Mas os blocos se organizaram e conseguiram tomar o espaço do folião “pipoca”. A nossa intenção foi e está sendo de devolver a esse folião a festa que ele mesmo inventou. Mas luta é árdua. Conseguimos alguns avanços mas a vaidade dos artistas e o clientelismo impedem de melhorarmos a situação até hoje. Mas a luta continua.

LUIZ PIRES: O samba é baiano ou carioca ? O Samba Reggae suplantou o Axé Music ?

PAULINHO BOCA DE CANTOR: O Brasil nasceu na Bahia, portanto começamos a sambar antes dos cariocas. O samba só ganhou esse nome em 1917 no rótulo do disco que tinha Pelo Telefone. Mas o batuque, a semba (dança africana) o lundu, foram as velhas escravas e quinteiras baianas que levaram junto com seu trabalho para o Rio quando a corte mudou para lá. Portanto o melhor é falarmos que o samba é brasileiro. O samba reggae é um dos gêneros que compõem o cenário da Axé Music, ritmos que já existiam e que os blocos afros traziam em seus batuques, suas levadas, descobertos, foram incorporados pelos blocos e pelo que se passou a chamar de Axé Music.

LUIZ PIRES: Como o grupo “Novos Bahianos” descobriu o “choro” ? Você traz notícia de nossos confrades do Clube do Choro da Bahia? Como anda Cacau do Pandeiro ?

PAULINHO BOCA DE CANTOR: Descobrimos que na nossa formação tínhamos além de uma banda de Rock, de MPB, um trio elétrico e um regional de choros. Como escutávamos muita musica brasileira e o contato com o João Gilberto fez com que voltássemos a percorrer o caminho de casa, da musica brasileira, nos encantamos pelo choro e colocamos no nosso trabalho esse que é sem dúvida um dos gêneros mais apreciados pelos bons músicos de todo mundo. Cacau do Pandeiro, vai bem obrigado e fazendo muito som…. o choro aqui na Bahia tem se apresentado no Teatro Vila Velha todas as segundas feiras com sucesso.


1 Comments Add Yours ↓

  1. jorge curuca #
    1

    Beleza! Há muito que não tinha notícia desse cara. A boa música agradece.
    curuca


1 Trackbacks/Pingbacks

  1. PAULINHO BOCA DE CANTOR  /  Clube do Choro de Santos 10 10 14

Your Comment