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HERLINHA GOMES, A MATRIARCA DO CLUBE DO CHORO DE SANTOS

Herlinha1Dirigimo-nos aqui a uma pessoa por quem sempre tivemos muito carinho e grande apreço: nossa conselheira fiscal e grande matriarca do Clube do Choro de Santos, Herlinha Gomes de Souza, que nos deixou ontem. Se devemos a alguém nosso contato com todos os amigos e parceiros que fizemos no Rio de Janeiro, esse alguém é Herlinha. Foi ela quem nos botou em contato com todos eles, dentre os quais, o jornalista Sérgio Cabral, o compositor Elton Medeiros, o maestro Gilson Peranzzetta, o saxofonista Paulo Moura e o flautista Altamiro Carrilho (o primeiro a nos visitar em 2003), dentre outros. Viúva do maestro Luiz Roberto de “Os Cariocas”, famoso quarteto vocal da época da bossa nova nos anos 60, na época integrado por Severino Filho, Badeco, Quartera e Luiz Roberto. Embora gaúcha de nascimento, Herlinha veio bebê para Santos onde tinha parentes e aqui viveu até a adolescência, seguindo depois para o Rio onde viveria os momentos mais marcantes de sua vida. Lá conheceu o maestro, casou-se e teve os filhos, Beto e Luciana. Beto lhe deu a neta Isabela. Viu a bossa nova nascer no Beco das Garrafas nos lendários Little Club, Bottle’s Bar e Baccarat, assistindo a grandes espetáculos protagonizados por João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Os Cariocas, Sérgio Mendes, Leny Andrade, enfim, esse magnífico “cast” de artistas brasileiros de primeira grandeza, todos, praticamente, iniciando carreira.     Situações engraçadíssimas e momentos incríveis vividos por ela que nos contou com riqueza de detalhes. Era tudo lindo e maravilhoso, o Rio fervilhava e a Garota de Ipanema já passava linda e cheia de graça na frente do Veloso sob os olhares compenetrados da dupla Tom e Vinícius. Porém, no dia 20 de outubro de 1988, no Jazzmania, tradicional casa de música ao vivo carioca, durante uma apresentação em comemoração ao retorno do quarteto à vida artística, o maestro sofreu um infarto e faleceu. Como ela sempre disse “ele morreu do jeito que queria, no palco”. Um golpe duro sofrido por ela e pelos filhos. Coisas da Criação que, como pobres mortais, não nos cabe questionar. Lamentamos, todavia, o passamento do maestro. Atualmente os quatro já estão no andar de cima encantando com seus belíssimos vocais os anjos, os arcanjos, os querubins e os serafins. Pois bem, depois disso, passado algum tempo ela voltou pra Santos onde viveu até hoje. Foi quando conheceu a turma do Clube do Choro e com quem integrou-se imediatamente. Sem dúvida nenhuma, foi um privilégio tê-la conosco com toda a sua sabedoria e experiência. Dizemos com absoluta tranquilidade, ela foi de fundamental importância para o desenvolvimento do Clube do Choro de Santos, é inegável. Quando chegou nossa nau mudou de rumo e continua navegando em mares calmos. Muito bem, em abril de 2007 resolvemos convidar o jornalista Sérgio Cabral para vir a Santos participar das atividades do Clube do Choro dentro das comemorações do Dia Nacional e Municipal do Choro daquele ano. E ele veio. Fomos buscá-lo no Aeroporto de Congonhas e o trouxemos pra Santos. Durante o percurso altos papos com uma criatura absolutamente amável e cordial que conheci pessoalmente ali, naquele momento. Foi incrível, parecia que já o conhecíamos há mais de trinta anos tal o entrosamento, ao contrário de Herlinha que já o conhecia de há muito. Mas pra nós foi imediato, o santo bateu na hora, colou. Foram poucos dias de convívio com o jornalista, escritor e crítico de MPB, mas, valeu pra caramba a experiência de trazê-lo, foi muito legal. Chegou até a conhecer nossa antiga sede que ficava no número 50 do Calçadão da Rua XV. Ela, na ocasião, ainda não estava pronta, seria inaugurada oficialmente somente no dia 23 de abril de 2008. Pois é, lamentavelmente, Herlinha partiu ontem, foi encontrar-se com o maestro Luiz Roberto e os demais integrantes de Os Cariocas. Deixa um vazio tremendo, sentiremos muito sua falta, ela, com sua personalidade marcante, nos conquistou desde o primeiro momento. Como ela mesmo dizia, “eu que ponho ordem nesse poleiro” e punha mesmo. Valeu matriarca, foi muito bom conviver com você esses anos todos, descanse em paz, Deus te guarde e até um dia.

Clube do Choro de Santos


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